27.1 C
New York
Sunday, October 19, 2025
InícioEconomiaOs mais ricos do mundo aumentam fortunas em ritmo recorde, aponta relatório...

Os mais ricos do mundo aumentam fortunas em ritmo recorde, aponta relatório da Oxfam

A riqueza combinada dos multimilionários do mundo aumentou dois biliões de dólares em 2024, o que equivale a um incremento de 5,7 mil milhões de dólares por dia. Esta é a principal conclusão do relatório “A pilhagem continua”, divulgado pela Oxfam Intermón durante o Fórum Económico Mundial de Davos. O documento sublinha que o ritmo de acumulação de riqueza pelos mais ricos foi três vezes superior ao registado no ano anterior, evidenciando o agravamento da desigualdade global.

Segundo a Oxfam, havia em 2024 um total de 2769 multimilionários no mundo, face aos 2565 registados em 2023. Em apenas 12 meses, a riqueza combinada deste grupo aumentou 13 biliões de dólares, marcando o segundo maior crescimento registado desde que há dados. Este cenário contrasta dramaticamente com a realidade das populações mais pobres. O Banco Mundial estima que o número de pessoas que vivem com menos de 6,85 dólares por dia permaneceu inalterado desde os anos 1990, afectando cerca de 3,5 mil milhões de indivíduos.

Concentração de riqueza e as consequências da desigualdade

A Oxfam revelou que a riqueza conjunta dos dois homens mais ricos do mundo aumentou, em média, quase 100 milhões de dólares por dia. O relatório indica ainda que 61% desta riqueza é herdada ou associada a clientelismo e ao poder político, perpetuando desigualdades históricas.

Com base nos dados da Forbes e do banco UBS, a Oxfam refere que a maioria dos multimilionários actuais deixará um total de 5,2 biliões de dólares para os seus herdeiros, perpetuando a concentração de riqueza por gerações. Este fenómeno, segundo a organização, é reflexo de um “colonialismo moderno”, em que fluxos de capital são desviados do Sul global para o Norte, beneficiando sobretudo os países mais ricos.

O Impacto global e desafios emergentes

A desigualdade não é apenas uma questão económica, mas também social e política. A concentração de riqueza nas mãos de poucos não só agrava as disparidades dentro das sociedades como afecta a democracia e limita o desenvolvimento sustentável. A influência desproporcional dos ultra-ricos em sectores-chave, como tecnologia, saúde e finanças, levanta preocupações quanto à justiça e equidade no acesso a recursos.

Para além disso, a Oxfam alerta que os cinco maiores bilionários do mundo possuem riqueza suficiente para comprar todas as casas de Espanha, exemplificando a disparidade extrema entre os mais ricos e as populações mais vulneráveis. Esta acumulação de riqueza é ainda alimentada por um sistema económico que favorece isenções fiscais, práticas monopolistas e a manutenção de paraísos fiscais.

Propostas para mitigar a desigualdade

A Oxfam defende uma reforma fiscal global que inclua a tributação progressiva sobre grandes fortunas e heranças, bem como a eliminação de paraísos fiscais. Propõe ainda que os governos garantam que os rendimentos dos 10% mais ricos não excedam quatro vezes os dos 40% mais pobres. Estas medidas, segundo a organização, são cruciais para reduzir as desigualdades e promover uma distribuição mais equitativa da riqueza.

Perspectivas futuras e reflexões

A manter-se o ritmo actual, a Oxfam prevê que o mundo poderá testemunhar o surgimento dos primeiros trilionários já na próxima década. Este cenário acentuará ainda mais as desigualdades, consolidando a posição de uma elite económica enquanto grande parte da população mundial continua a lutar contra a pobreza extrema.

A divulgação deste relatório durante o Fórum de Davos reforça a necessidade urgente de o mundo enfrentar as disparidades económicas globais. Sem mudanças estruturais significativas, o sistema económico mundial continuará a beneficiar uma minoria privilegiada, em detrimento da maioria da população. Para a Oxfam e outros analistas, o momento exige vontade política, cooperação internacional e reformas audazes que permitam uma distribuição mais justa de riqueza e oportunidades, garantindo um futuro mais equitativo e sustentável.

Fonte: O Económico

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

Ferroviário de Maputo bate-se com AS Otohô do Congo

0
O Ferroviário de Maputo enfrenta o AS Otohô da República Democrática do Congo na Lalgy Arena, na primeira mão da segunda fase pré-eliminar da Taça das...
- Advertisment -spot_img