O ouro enfrenta a sua maior desvalorização semanal desde Novembro de 2024, encerrando uma sequência de oito semanas consecutivas de ganhos. A retracção é impulsionada pela valorização do dólar e pela expectativa em torno dos dados de inflação nos Estados Unidos, que poderão influenciar a trajetória da política monetária da Reserva Federal (Fed).
Mercado do ouro em retração
Nesta sexta-feira, 28/02, o preço do ouro à vista caiu 0,1%, sendo negociado a $2.874,69 por onça às 02h32 GMT. No acumulado da semana, o metal precioso recuou 2%, representando a maior perda semanal dos últimos três meses. Já os contratos futuros do ouro nos Estados Unidos apresentaram uma queda de 0,3%, situando-se em $2.886,80 por onça.
Este movimento ocorre num contexto de fortalecimento do dólar, que registou um avanço semanal de 0,7%, tornando o metal precioso mais caro para investidores que operam noutras moedas.
Factores determinantes para a queda
O índice do dólar atingiu o seu maior nível em várias semanas, tornando o ouro menos atractivo como reserva de valor. O Presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Patrick Harker, reforçou a necessidade de manter as taxas de juro entre 4,25% e 4,50%, reduzindo o apelo do ouro como investimento, uma vez que taxas mais altas aumentam o custo de oportunidade de manter ativos sem rendimento, como o ouro.
O PCE, métrica de inflação preferida do Fed, será divulgado às 13h30 GMT. O mercado aguarda este indicador para compreender se o banco central manterá ou não a sua política restritiva nos próximos meses. Segundo o estratega do mercado da IG, Yeap Jun Rong, não se espera uma mudança significativa nas expectativas de taxas de juro, uma vez que componentes do CPI e do PPI indicam que a inflação está relativamente controlada.
O Presidente norte americano, Donald Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá e um adicional de 10% sobre importações chinesas. A incerteza comercial pode impulsionar a busca por ativos de refúgio como o ouro, mas, no curto prazo, a decisão gerou cautela no mercado e favoreceu uma maior procura por dólares, contribuindo para a queda do ouro.
Impacto no mercado financeiro global
A turbulência no mercado do ouro ocorre em paralelo a um momento de elevada volatilidade nos mercados acionistas. Os principais índices de Wall Street sofreram quedas acentuadas na última sessão:
Os investidores continuam atentos à evolução do cenário económico e à possibilidade de ajustes na política monetária do Fed, que poderão influenciar a recuperação ou a continuidade da correção no preço do ouro.
Outros metais seguem direções distintas
Enquanto o ouro enfrenta uma pressão de venda, outros metais preciosos registaram desempenhos mistos. A prata subiu 0,4%, atingindo $31,37 por onça. A platina valorizou 0,3%, alcançando $951,95 por onça. O paládio teve um leve avanço de 0,1%, situando-se em $920,34 por onça.
Perspectivas futuras para o ouro
A desvalorização do ouro pode ser momentânea, caso o mercado interprete os próximos dados de inflação como um indicativo de afrouxamento da política monetária do Fed, o que voltaria a beneficiar ativos de refúgio.
Por outro lado, se os sinais apontarem para uma inflação persistente, as taxas de juro poderão permanecer elevadas por mais tempo, sustentando a valorização do dólar e dificultando a recuperação do metal precioso.
Os investidores, portanto, seguirão atentos às declarações das autoridades do Fed e ao comportamento do mercado cambial, que serão cruciais para determinar a tendência do ouro nas próximas semanas.
Fonte: O Económico