O ouro registou um novo recorde histórico nesta sexta-feira, ao ultrapassar a fasquia dos 3.200 dólares por onça, impulsionado pela desvalorização do dólar norte-americano, pela intensificação da guerra comercial entre os EUA e a China e pela crescente procura por activos-refúgio num cenário de incerteza económica e geopolítica global.
Um novo pico histórico no preço do ouro
O metal precioso atingiu um pico de 3.219,84 dólares por onça, tendo estabilizado mais tarde em 3.192,79 dólares, com uma valorização semanal acumulada de cerca de 5%. Os contratos futuros de ouro nos Estados Unidos também subiram quase 2%, para 3.237,50 dólares.
Segundo Ilya Spivak, chefe de macroeconomia global na Tastylive, a valorização rápida do ouro deve-se essencialmente à forte desvalorização do dólar, que caiu quase 1% face às principais moedas internacionais. Este movimento reduziu o custo do ouro para compradores fora dos Estados Unidos e intensificou a procura.
Tarifas e incerteza dominam o ambiente de mercado
A crescente tensão comercial entre Washington e Pequim continua a gerar instabilidade. O Presidente norte-americano Donald Trump anunciou a aumento de tarifas sobre as importações chinesas para 145%, embora tenha decretado uma pausa de 90 dias nas tarifas anteriormente anunciadas para dezenas de países.
A resposta da China tem sido igualmente agressiva, com elevação dos seus próprios impostos de importação, aumentando o receio de um prolongado e prejudicial conflito tarifário. O mercado teme que Pequim ultrapasse os actuais 84% de tarifas sobre os produtos norte-americanos, aprofundando a guerra comercial.
Procura por segurança e factores estruturais sustentam a valorização
Além do contexto geopolítico, a procura por ouro por parte dos bancos centrais, as expectativas de cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA e o aumento dos fluxos para fundos de índice (ETFs) apoiados em ouro têm sustentado a tendência de valorização do metal.
A queda inesperada dos preços ao consumidor nos EUA em Março alimentou expectativas de que a Fed possa retomar o ciclo de cortes de juros já em Junho, com projecções de uma redução de até um ponto percentual até ao final de 2025.
Para Kyle Rodda, analista de mercados da Capital.com, “os 3.500 dólares são o próximo número redondo que os investidores irão observar, embora seja improvável que essa meta seja atingida sem oscilações.”
Outros metais preciosos mantêm-se estáveis
A movimentação do ouro também influenciou, em menor grau, outros metais preciosos. A prata manteve-se estável nos 31,20 dólares por onça, enquanto a platina recuou ligeiramente 0,2%, para 936,55 dólares. O paládio, por sua vez, avançou 0,7%, situando-se nos 914,55 dólares.
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Ouro reafirma estatuto como activo-refúgio
Num cenário de volatilidade nos mercados bolsistas, políticas comerciais imprevisíveis e riscos inflacionários latentes, o ouro reafirma-se como um porto seguro para investidores globais, atraindo fluxos significativos num momento de transição e incerteza.
Se o ambiente global mantiver a tendência de fragmentação geoeconómica e instabilidade monetária, o ouro poderá não apenas manter os níveis actuais, mas continuar a surpreender nos próximos trimestres.
Fonte: O Económico