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Perspectiva da economia global piora em meio a incertezas e conflitos comerciais

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A inflação de alimentos, com média acima de 6%, continua a atingir as famílias de baixa renda mais duramente, particularmente na África, Sul da Ásia e Ásia Ocidental.
Um relatório das Nações Unidas aponta que a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, global sofreu uma redução de 0,4 ponto percentual desde janeiro.

Agora, espera-se que o PIB do mundo chegue a 2,5% em vez de 2,9% projetados no início deste ano.

Turbulência financeira

As mudanças devem-se a conflitos comerciais e a incertezas políticas, segundo analistas. O anúncio da revisão de queda foi feito nesta quinta-feira, na sede da ONU em Nova Iorque, pelo Departamento Econômico e Social, Desa, que divulgou o relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas referente ao segundo semestre de 2025.

O crescimento está mais lento e existe risco sobre investimentos, um cenário que prejudica o progresso do desenvolvimento. A conjuntura precária sofre com tensões comerciais elevadas. Um dos pontos da revisão é o recente aumento nas tarifas de exportação e importação, que ameaçam os custos de produção e uma interrupção das cadeias de suprimentos globais. Tudo isso amplifica a turbulência financeira.

Para os analistas do Desa, o cenário geopolítico volátil está levando as empresas a adiar ou reduzir decisões críticas de investimento, minando ainda mais as perspectivas de crescimento global.

Rovena Rosa/Agência Brasil
A projeção agora de crescimento para o Brasil é de 1,8% este ano e 2% em 2026

Estados Unidos crescerão menos, ODS ameaçados

O relatório mostra um crescimento global mais lento, pressões inflacionárias elevadas e o enfraquecimento do comércio global incluindo uma redução pela metade do crescimento do comércio projetada de 3,3% em 2024 para 1,6% em 2025.

Para as Nações Unidas, o quadro compromete o progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Com a desaceleração da economia, países desenvolvidos e em desenvolvimento são atingidos.

O crescimento dos Estados Unidos, por exemplo, deverá desacelerar significativamente, de 2,8% em 2024 para 1,6% este ano, com tarifas mais altas e incerteza política que devem pesar sobre o investimento privado e o consumo.

Na União Europeia, o crescimento do PIB está previsto para 1,0%, o que fica inalterado em relação a 2024, em meio a exportações líquidas mais fracas e barreiras comerciais mais altas.

Brasil, México e Índia

Já a China deverá desacelerar para 4,6% este ano, refletindo o sentimento do consumidor contido, interrupções na indústria voltada para a exportação e os desafios contínuos do setor imobiliário.

Brasil, México e África do Sul, também estão enfrentando rebaixamentos de crescimento devido ao enfraquecimento do comércio, à desaceleração do investimento e à queda dos preços das commodities. A projeção agora de crescimento para o Brasil é de 1,8% este ano e 2% em 2026. O documento lembra que em resposta à alta da inflação, o Banco Central elevou a taxa de juros. O relatório elogia a robustez do mercado de trabalho brasileiro.

Portugal, Espanha e Índia

No caso de Portugal, o consumo interno e a recuperação do setor de turismo e hospitalidade estão fortalecendo a economia, o mesmo ocorre com a Espanha.

A Índia teve de revisar sua previsão de crescimento para baixo para 6,3%. Mesmo assim, o país continua sendo uma das grandes economias de crescimento mais rápido.

Enquanto a inflação global geral diminuiu de 5,7% em 2023 para 4% em 2024, as pressões de preços permanecem altas em muitas economias. No início deste ano, a inflação superou as médias pré-pandemia em dois terços dos países, com mais de 20 economias em desenvolvimento enfrentando taxas de dois dígitos.

Lisbon Metro
No caso de Portugal, o consumo interno e a recuperação do setor de turismo e hospitalidade estão fortalecendo a economia

Choques climáticos e apoio fiscal

A inflação de alimentos, com média acima de 6%, continua a atingir as famílias de baixa renda mais duramente, particularmente na África, Sul da Ásia e Ásia Ocidental.

Já as barreiras comerciais mais altas e choques climáticos estão amplificando ainda mais os riscos de inflação, ressaltando a necessidade de políticas coordenadas — combinando estruturas monetárias confiáveis, apoio fiscal direcionado e estratégias de longo prazo — para estabilizar os preços e proteger os mais vulneráveis.

Para os países menos desenvolvidos, onde se espera que o crescimento desacelere de 4,5% em 2024 para 4,1% em 2025,  a queda nas receitas de exportação, o aperto das condições financeiras e a redução dos fluxos de assistência oficial ao desenvolvimento ameaçam erodir ainda mais o espaço fiscal e aumentar o risco de superendividamento.

Conferência em Sevilha, Espanha

A escalada dos atritos comerciais está pressionando ainda mais o sistema multilateral de comércio, deixando economias pequenas e vulneráveis ​​cada vez mais marginalizadas em um cenário global fragmentado. O fortalecimento da cooperação multilateral é essencial para enfrentar esses desafios.

A proposta do Desa requer revitalizar o sistema de comércio baseado em regras e fornecer apoio direcionado aos países vulneráveis ​​será fundamental para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo.

No próximo mês, Sevilha, na Espanha, irá sediar a Quarta Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, de 30 de junho a 3 de julho. O evento será uma plataforma crucial para abordar questões como o fortalecimento da cooperação multilateral, a sustentabilidade da dívida e outras, a fim de impulsionar ações concretas sobre o financiamento do desenvolvimento sustentável para todos. 

Fonte: ONU

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