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Os preços do petróleo mantiveram-se relativamente estáveis esta quinta-feira, com os investidores a ponderarem os riscos de um eventual aperto na oferta global motivado por ameaças tarifárias dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que dados inesperados sobre os inventários de crude norte-americanos moderaram os ganhos.
Os contratos futuros do Brent para Setembro, prestes a expirar, caíram 10 cêntimos (0,1%) para 73,14 dólares por barril. O contrato de Outubro, mais activo, recuou 14 cêntimos (0,2%) para 72,33 dólares. Já o West Texas Intermediate (WTI) dos EUA desceu 5 cêntimos (0,1%), fixando-se em 69,95 dólares por barril.
Ambos os referenciais haviam registado ganhos de 1% na sessão de quarta-feira, sustentados pelas incertezas geopolíticas e pela retórica beligerante da Casa Branca.
Segundo Priyanka Sachdeva, analista sénior da Phillip Nova, “os contratos de petróleo estão presos num padrão de espera, a oscilar num intervalo estreito, pois nem compradores nem vendedores têm confiança suficiente para impulsionar os preços de forma decisiva, sobretudo com o prazo de 1 de Agosto à porta.”
A referência de Sachdeva prende-se com o ultimato de Donald Trump à Rússia para avançar com um cessar-fogo na Ucrânia, sob pena de sofrer tarifas secundárias de 100% aplicadas aos seus parceiros comerciais, numa escalada das sanções económicas.
Este endurecimento da postura norte-americana preocupa os mercados: “As preocupações de que as tarifas secundárias sobre países que importam petróleo russo venham a apertar a oferta continuam a sustentar o interesse comprador”, afirmou Toshitaka Tazawa, da Fujitomi Securities.
A China, maior compradora de petróleo russo, foi directamente advertida pelos EUA quanto à possibilidade de tarifas “pesadas”, caso mantenha os seus níveis actuais de importação.
Inventários Surpreendem, Mas Não Invertem o Sentido do Mercado
A par das tensões geopolíticas, os mercados foram também surpreendidos por dados da Administração de Informação Energética (EIA) dos EUA que revelaram um aumento inesperado de 7,7 milhões de barris nas reservas de crude, para um total de 426,7 milhões de barris — contrariando as previsões de uma redução de 1,3 milhões.
Este aumento foi atribuído à diminuição das exportações norte-americanas, mas foi parcialmente compensado por uma forte queda nos stocks de gasolina, que recuaram 2,7 milhões de barris, bem acima da previsão de 600 mil. Tal sinaliza uma procura elevada durante a actual época alta de condução nos EUA.
Para Tazawa, o efeito líquido foi neutro: “O aumento das reservas de crude pesou, mas a queda expressiva nos stocks de gasolina apoiou a ideia de uma procura forte, o que acabou por equilibrar o impacto nos preços.”
Pressão Máxima Também Sobre o Irão
Em paralelo, os EUA anunciaram novas sanções sobre mais de 115 entidades, indivíduos e navios ligados ao Irão, na sequência do bombardeamento de instalações nucleares em Junho. Esta medida sublinha o regresso da estratégia de pressão máxima, agora reactivada pela Administração Trump.
A trajectória do mercado petrolífero permanece incerta, balançando entre a ameaça de choques geopolíticos — que podem restringir a oferta — e dados económicos que apontam para uma procura interna resiliente nos EUA. A aproximação do prazo de 1 de Agosto para a aplicação de novas tarifas poderá ser o ponto de viragem decisivo nos próximos dias.
Fonte: O Económico