Os preços do petróleo prolongaram a trajectória de ganhos pelo segundo dia consecutivo, apoiados em sinais de forte procura nos Estados Unidos e na queda inesperada dos inventários de crude e gasolina. O Brent atingiu esta quinta-feira máximos de duas semanas, enquanto o WTI reforçou a tendência positiva, num mercado ainda condicionado pela incerteza em torno das negociações de paz para a Ucrânia.
Segundo dados da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), os inventários de crude caíram em 6 milhões de barris na última semana, muito acima da redução de 1,8 milhões prevista pelos analistas. O total armazenado ficou em 420,7 milhões de barris. Também as reservas de gasolina recuaram significativamente, em 2,7 milhões de barris, superando as expectativas de apenas 915 mil. Estes números foram interpretados como sinal claro da robustez da procura, em plena época de viagens de verão.
Os contratos de Brent para entrega subiram 41 cêntimos (0,61%) para 67,25 USD/barril, enquanto os futuros do West Texas Intermediate (WTI) avançaram 45 cêntimos (0,72%) para 63,16 USD/barril. Ambos os referenciais já tinham ganho mais de 1% na sessão anterior, consolidando uma tendência positiva no curto prazo.
Outro indicador relevante foi a média de consumo de combustível de aviação, que atingiu o nível mais alto desde 2019, reforçando a leitura de que a recuperação do sector dos transportes contribui para sustentar a procura de derivados de crude. “Os preços do petróleo recuperaram à medida que sinais de forte procura nos EUA reforçaram o sentimento do mercado”, comentou Daniel Hynes, estratega sénior de matérias-primas do ANZ.
Ainda assim, persiste prudência entre traders e analistas, dado o impacto potencial das negociações internacionais para pôr fim à guerra na Ucrânia. Um eventual acordo de paz é apontado como factor que poderá pressionar os preços em baixa, reduzindo a incerteza e reconfigurando o quadro das sanções. “Algum sentimento bearish permanece evidente, à medida que os mercados continuam a monitorizar as conversações sobre a Ucrânia”, acrescentou Hynes.
Entretanto, a Rússia mantém uma postura firme em relação às suas exportações, garantindo fornecimentos a países dispostos a comprar, nomeadamente a Índia. Moscovo tem reiterado que as tentativas do Ocidente de resolver as questões de segurança sem o seu envolvimento “não passam de um caminho para lado nenhum”.
A combinação entre procura forte nos EUA e persistente incerteza geopolítica continua, assim, a dar suporte ao preço do crude, que deverá manter-se volátil nas próximas semanas.
Fonte: O Económico