Início A Semana Sociedade População exige encerramento de suposto areeiro em Boquisso

População exige encerramento de suposto areeiro em Boquisso

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Foram a enterrar nesta terça-feira os restos mortais das duas crianças irmãs que morreram afogadas num suposto areeiro que opera numa área de servidão militar em Boquisso, município da Matola. Depois do enterro, a população bloqueou a via exigindo o encerramento do suposto areeiro.

Sem seguranças e apetecível para o recreio, o suposto areeiro, localizado numa área de servidão militar, a alguns metros de um quartel, tem sido um lugar de eleição de muitas crianças do bairro Boquisso, para ali brincar, mas a manhã de sábado foi fatal para duas delas.

“As crianças vivem a uns 100 metros de lá da cova. Então, o que aconteceu? A mãe, como vende peixe, mandou as crianças para irem a uma casa buscar dinheiro. Então, quando as crianças foram lá, pediram o dinheiro, verificaram que não havia ninguém na casa. Quando saíram já daquela casa, iam para casa, passaram já naquela cova ali, viram amigos, eles estavam a tomar banho lá. Eles também foram, entraram, começaram a tomar banho. Então, quando começaram a tomar banho, o mais novo afundou. Quando afundou, é quando o mais novo, o mais velho, entra para poder estirar, ele também afundou”, relatou um dos vizinhos da vítima.

Os restos mortais das duas crianças, de 9 e 12 anos, foram enterrados na manhã desta terça-feira, no cemitério local, em uma cerimônia financiada pelas Forças Armadas

No final da cerimónia, a indignação tomou o lugar das lágrimas.

“Uma mãe perder dois filhos num único dia, aquilo doeu muito, nos chocou. Então, o que nós queremos, estamos a pedir a quem de direito, ao Governo, se está a ouvir isso, para que eles tenham como fechar aquela cova, desabafou Marta Inoque, moradora do bairro.

Rosa Marrengule, também residente do bairro e mãe de menores, também teme por dias piores.

“Estou a pedir por favor ao Ministério da Defesa para ter que tomar conta daquela cova ali,  para fechar aquela cova, porque muitos dos nossos netos vão se afogar ali naquela cova. E o Ministério da Defesa tem que se responsabilizar por causa daquela família ali.”

O “O País” contactou o quartel de Boquisso, responsável pela área, que nos remeteu ao Estado Maior-general das FADM, mas sem gravar entrevista o Comandante da unidade negou tratar-se de um areeiro, uma informação desmentida pelos populares, que dizem: “Aquilo que nós estamos a ver agora, aquilo ali, aquilo ali são a vender a areia. Aquilo ali é uma pura mentira, vocês já perceberam, porque nos primeiros dias nós fomos ali, fizemos guerra, disseram que aqui nessa cova temos planos, calamos. Mas daqui para aí, já não estamos a ver nenhuma obra que estão a fazer ali”, disse Lucas Bila, morador.

De acordo com uma fonte dos serviços provinciais de Maputo, os militares dizem tratar-se de construção de uma zona de carreira de tiro, duas informações sem confirmação, uma vez que nem o Município, nem o Governo tem a licença de exploração mineira, muito menos de construção da carreira de tiro.

O facto é que há mais de um ano que a população vê camiões entrando e saindo.

Em protesto, os populares bloquearam a via, próximo do quartel.

Fonte: O País

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