Após atingir os níveis mais baixos em vários anos, os preços do petróleo registaram uma ligeira recuperação nos mercados internacionais. No entanto, os analistas alertam que a tendência de valorização pode ser temporária, dado que as tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações energéticas do Canadá e do México, bem como a decisão da OPEP+ de aumentar a produção, continuam a pressionar o mercado.
Na última sessão, o barril de Brent valorizou 0,56%, sendo negociado a 69,69 dólares, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) registou um aumento de 0,59%, fixando-se em 66,70 dólares. Estes ganhos surgem após quatro dias consecutivos de quedas, que levaram o Brent ao nível mais baixo desde Dezembro de 2021 e o WTI ao seu menor valor desde Maio de 2023.
Tarifas dos EUA ameaçam a procura global
A recuperação dos preços do petróleo ocorre num momento de grande instabilidade no mercado energético global. O governo norte-americano impôs tarifas de 25% sobre importações de energia provenientes do Canadá e do México, o que gerou receios quanto a uma possível desaceleração da procura. A medida foi parcialmente suavizada com a isenção das montadoras e com especulações de que a tarifa de 10% sobre as importações de petróleo canadiano poderá ser removida.
A incerteza gerada pelas políticas comerciais dos EUA tem tido um impacto directo no sector petrolífero, levando os investidores a questionar a estabilidade da procura global, num cenário em que o crescimento económico já se encontra enfraquecido.
OPEP+ aumenta produção e agrava pressão sobre os preços
Outro factor que contribuiu para a recente queda dos preços foi a decisão da OPEP e seus aliados (OPEP+), incluindo a Rússia, de aumentar as quotas de produção pela primeira vez desde 2022. O aumento da oferta num momento em que a procura enfrenta desafios contribuiu para um sentimento negativo no mercado, tornando a recuperação dos preços mais instável.
EUA registam aumento dos stocks de crude
A pressão sobre os preços também se intensificou devido ao aumento inesperado dos stocks de petróleo nos Estados Unidos, o maior consumidor mundial da matéria-prima. Segundo dados da Administração de Informação Energética (EIA), os stocks de crude subiram 3,6 milhões de barris na última semana, muito acima das previsões dos analistas, que estimavam um aumento de apenas 341 mil barris.
Este acréscimo é atribuído a trabalhos de manutenção nas refinarias norte-americanas, que reduziram a capacidade de processamento de petróleo. Adicionalmente, as importações de crude pelos EUA atingiram o nível mais baixo dos últimos quatro anos, reflectindo uma redução na chegada de petróleo canadiano à costa leste devido às tarifas comerciais e à fraca procura interna.
Impacto para Moçambique e mercados emergentes
Para países importadores de petróleo, como Moçambique, a recente queda nos preços internacionais poderá representar uma oportunidade para aliviar a factura energética e conter as pressões inflacionárias. No entanto, a volatilidade do mercado e a incerteza em torno das tarifas comerciais dos EUA significam que os preços podem continuar instáveis nas próximas semanas.
A decisão da OPEP+ de aumentar a produção também poderá beneficiar mercados emergentes, reduzindo custos com importações energéticas. No entanto, se a recuperação dos preços se consolidar, os ganhos poderão ser rapidamente anulados.
Perspectivas para o mercado petrolífero
Apesar da recente recuperação, o sentimento no mercado permanece frágil. Os analistas alertam que a combinação de tarifas comerciais, excesso de oferta e sinais de fraqueza na procura norte-americana pode continuar a limitar o potencial de valorização do petróleo.
“A forte queda abaixo do patamar dos 70 dólares poderá levar a um alívio temporário na sessão de hoje, mas o mercado continua a enfrentar desafios significativos,” afirmou Yeap Jun Rong, estratega de mercado na plataforma de trading IG.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A evolução dos preços do petróleo nos próximos meses dependerá de vários factores, incluindo as decisões da administração norte-americana sobre tarifas, a estratégia da OPEP+ e o desempenho da economia global. Para os países importadores, a incerteza mantém-se, e a vigilância sobre os desenvolvimentos no mercado energético será crucial.
Fonte: O Económico