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Trump Aumenta Pressão Global com Tarifas Abrangentes: Nova Etapa da Guerra Comercial Atinge Aliados e Mercados Emergentes

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O Presidente norte-americano Donald Trump escalou novamente a guerra comercial global ao comunicar a 14 países a imposição de tarifas de importação significativamente agravadas, a partir de 1 de Agosto. A medida afecta desde aliados estratégicos como o Japão e a Coreia do Sul, até economias em desenvolvimento da Ásia e África, provocando respostas divergentes e agitando os mercados internacionais.

Com um gesto de elevado simbolismo e impacto económico, a Casa Branca anunciou uma nova fase na sua política comercial, impondo tarifas de 25% a 40% a um conjunto diversificado de países. O Japão e a Coreia do Sul estão entre os mais penalizados, com a entrada em vigor de tarifas uniformes de 25% sobre todas as importações a partir de Agosto. A medida não acumula com tarifas sectoriais anteriores, como as que afectam o aço ou os automóveis, mas representa um agravamento substancial na pressão exercida sobre os parceiros comerciais de Washington.

Em cartas publicadas na rede Truth Social, Trump avisou: “Se, por qualquer razão, decidirem aumentar as vossas tarifas, seja qual for a percentagem, ela será somada aos 25% que os EUA cobrarão.” O tom beligerante contrasta com a promessa de abertura a novas negociações, ao mesmo tempo que Trump assinava uma ordem executiva a estender o prazo para negociações até 1 de Agosto.

O mercado bolsista norte-americano reagiu de forma negativa: o índice S&P 500 caiu cerca de 0,8%, evidenciando a preocupação dos investidores com o agravamento do conflito comercial. Contudo, os mercados asiáticos mantiveram relativa estabilidade: o Nikkei japonês recuperou das perdas iniciais e o índice KOSPI sul-coreano registou uma subida superior a 1%.

Países Visados e Reacções Diplomáticas

As tarifas agora anunciadas abrangem ainda outros países: 25% para a Tunísia, Malásia e Cazaquistão; 30% para a África do Sul, Bósnia-Herzegovina; 32% para a Indonésia; 35% para a Sérvia e Bangladesh; 36% para o Camboja e Tailândia; e 40% para o Laos e Myanmar.

A resposta internacional tem oscilado entre protestos e tentativas de entendimento. O Primeiro-Ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou que houve avanços em relação a tarifas anteriores mais agressivas (até 35%) e disse estar disposto a acelerar as negociações com Washington. A Coreia do Sul vê a medida como uma extensão do período de graça para um eventual acordo recíproco.

A Malásia, por via do seu Ministério do Comércio, reconheceu preocupações dos EUA, mas defende o diálogo como melhor via. Já a Indonésia prepara uma reunião em Washington com os negociadores norte-americanos. Bangladesh, cuja indústria de vestuário depende em mais de 80% das exportações para os EUA, expressou choque: “Esperávamos tarifas entre 10 e 20%. Os 35% propostos terão impacto devastador”, disse Mahmud Hasan Khan, presidente da associação do sector.

Na África do Sul, o Presidente Cyril Ramaphosa considerou injustificada a tarifa de 30%, lembrando que 77% dos bens norte-americanos entram no país sem qualquer tarifa. A resposta institucional será manter o canal de diálogo aberto.

Evolução das Negociações e Impacto Sistémico

Apesar da retórica combativa, apenas dois acordos foram finalizados até ao momento — com o Reino Unido e o Vietname. Um acordo com a Índia está “quase fechado”, segundo Trump. Com a China, foi estabelecido um quadro de entendimento em Junho, mas o prazo para um acordo final expira a 12 de Agosto. Pequim, por sua vez, alertou contra qualquer reinstauração de tarifas por parte dos EUA e ameaçou retaliar contra países que o excluam das cadeias de abastecimento globais.

Enquanto isso, a União Europeia permanece, por ora, fora do grupo dos países penalizados. Fontes comunitárias indicam que não há carta de tarifas dirigida a Bruxelas, e que um acordo pode ser alcançado até quarta-feira, na sequência de uma “boa troca de impressões” entre Trump e Ursula von der Leyen.

Perspectiva Global

O endurecimento da política comercial norte-americana representa não apenas uma ameaça directa aos fluxos de comércio internacional, mas também uma tentativa de reconfigurar os alinhamentos estratégicos globais. A ameaça lançada aos países do grupo BRICS, de uma tarifa adicional de 10% caso adoptem “políticas anti-americanas”, insinua uma ofensiva mais vasta contra blocos emergentes e alianças alternativas ao sistema ocidental.

Este novo capítulo da guerra comercial deixa patente que os Estados Unidos procuram exercer pressão máxima nas negociações multilaterais e bilaterais, deixando os mercados financeiros em alerta e os parceiros comerciais num delicado exercício de equilíbrio diplomático.

Fonte: O Económico

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