Declarações de Vasco Seabra, técnico do Arouca, na sala de imprensa do Estádio Municipal de Arouca, após o empate (1-1), na 21.ª jornada da Liga:
(Análise ao jogo e se a boa exibição acaba por combater o agridoce do golo final) «Combate um bocadinho, não na totalidade obviamente, porque acho que fomos realmente muito melhores. Não fomos só melhores, acho que fomos muito melhores durante todo o jogo. Criámos, de forma muito clara, quatro situações evidentes de golo e permitimos uma situação de golo ao Rio Ave, na primeira parte, numa boa defesa do Nico Mantl. Tirando isso, o Rio Ave não produziu mais nada em termos ofensivos na nossa área.
Depois, teve um golpe de génio do Tiago Morais, que temos de dar os parabéns. Quando é contra mim, não gosto de ver, mas quando estou como adepto gosto de ver este tipo de golos. A verdade é que estou muito satisfeito com a equipa, muito orgulhoso. Pecámos só na finalização. Na primeira parte, conseguimos dominar o jogo quase na sua totalidade. Principalmente, até aos 35/36 minutos, foi um jogo de domínio total, a chamar a pressão, a encontrar espaços entrelinhas, tanto à largura como por dentro, a conseguirmos atacar e a chegar a zonas de finalização.
Depois, na segunda parte, fizemos um golo, felizmente, de treino, da responsabilidade da equipa técnica. Muito menos minha, muito mais da equipa técnica, porque eles trabalham muito isso com a equipa técnica. Infelizmente, não vencemos, quando podíamos ter fechado o resultado mais cedo. Sentimento agridoce, com frustração, mas com muito orgulho dos jogadores e da caminhada que estamos a fazer.»
(Sente que tem faltado algum poder de fogo na frente?) «Sinto que, essencialmente, há dois meses, não criávamos o volume que criamos agora. Se olharmos para os dados, temos um volume de chegada ao último terço muito grande, muitos passes progressivos, muita presença na área. Termos, por exemplo, em casa, um jogo com quatro/cinco oportunidades tão claras como hoje, não me recordo.
Sentimos que os golos estão a tardar a acontecer para podermos dilatar os resultados mais cedo. Isso também vem um bocadinho da paixão e da união que a equipa tem, de querer realmente fechar o jogo, marcar os golos. Por vezes, no momento da finalização, torna um bocadinho a ansiedade dos golos aparecerem. Sentimos que vai ser um momento de naturalidade, que vai acontecer na continuidade deste processo.
Temos defendido muito melhor, somos uma equipa muito mais compacta a defender, roubamos mais bolas em zonas adiantadas do campo. Conseguimos, com bola, desconstruir a pressão dos adversários e chegar mais à frente. Isso também foi um processo, porque, no início, não estávamos tão estáveis a fazê-lo. Sentimos que, agora, o próximo passo será concretizarmos com mais frequência as oportunidades que criamos.»
(Importância dos lances de bola parada no futebol moderno) «Acho que são determinantes. Eu, felizmente, tenho uma equipa técnica muito completa, posso-me orgulhar dos elementos que trabalham comigo. O Nuno (Diogo) é o responsável pelas bolas paradas, o Cláudio (Botelho) pelos quatro momentos do jogo, os restantes nas suas diferentes áreas. O Nuno é muito chatinho, fica muito tempo com eles, muitas vezes a repetir. A verdade é que as coisas saíram. Também por ele insistir tanto com eles e valorizar tanto, eles também sentirem esse momento do festejo.
Acho que o jogo, muitas vezes, fica demasiado fechado, as equipas fecham-se muito. O futebol moderno torna os jogos muitas vezes difíceis de entrar e de conseguir concretizar situações. Nas situações de bola parada podemos desconstruir o adversário num momento muito específico do jogo. Nós tentamos fazê-lo evoluir e, hoje, tivemos esse prémio.»
Fonte: Mais Futebol