Como parte das preparações, o presidente da Casa, Philémon Yang, realizou um debate interativo com Estados-membros, especialistas e interessados, no início deste mês.
Estigma e abordagem
Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, as doenças crônicas matam em média 43 milhões de pessoas, por ano, no mundo.
E pelo menos 1 bilhão, atualmente, sofrem com algum tipo de distúrbio mental.
Uma das panelistas do debate foi a diretora-executiva da organização Mulheres na Saúde, Magda Robalo, que também já foi ministra da Saúde da Guiné-Bissau.
Médica de profissão, ela dirigiu a agência regional da Organização Mundial da Saúde na África. Nessa entrevista à ONU News, Magda Robalo, ressalta questões como estigma e abordagens menos pragmáticas para lidar com casos de saúde mental.
Taxas de depressão e prevenção
“O tratamento das doenças mentais continua a ser muito institucionalizado. Muito à base de hospitais, quando já a nível da família, das comunidades e mesmo em matérias de prevenção, se deve fazer muito trabalho para combater a doença mental ou as doenças mentais. Temos assistido a um aumento das taxas de suicídio, incluindo entre os adolescentes, têm aumentado as taxas de depressão. E tudo isso nem sempre é valorizado. Ainda há muito estigma. As pessoas ainda têm dificuldade em aceitar que estão deprimidas, que têm algum problema.”
Os Encontros de Alto Nível sobre Doenças Crônicas e Saúde Mental anteriores ocorreram em 2011, 2014 e 2018.
Em todos, foi decidido que os governos precisam aumentar os investimentos em saúde para reduzir mortes prematuras por doenças crônicas em um terço até 2030 e aumentar o bem-estar e saúde mental das pessoas.
Na África, 1 em cada 5 com câncer de mama morre
Durante o evento na ONU, a médica Magda Robalo também lembrou que, na África, apenas uma em cada cinco mulheres, diagnosticadas com câncer de mama, consegue sobreviver cinco anos com a doença ao contrário daquelas pacientes em outras partes de países desenvolvidos.
Um grave problema é a falta de acesso a vacinas que previnem doenças como câncer no colo do útero. Para Magda Robalo, a questão é de vontade política.
“De uma maneira geral, as doenças não-transmissíveis e as doenças mentais têm muito pouco financiamento. Os países têm dado maior importância às doenças infecciosas como VIH/Sida (Aids), tuberculose, paludismo. Eu não estou a dizer que não são importantes, mas as projeções indicam que vai continuar a haver um aumento dos casos de doenças não transmissíveis como sejam diabetes, hipertensão, o cancro, as incapacidades de várias naturezas.”
Segundo o presidente da Assembleia Geral, Philémon Yang, que convocou o debate com Estados-membros, especialistas e interessados, nas Nações Unidas, a reunião dará elementos para a Declaração Política que deve ser divulgada durante o Quarto Encontro de Alto Nível, em setembro, às margens de debate anual com chefes de Estado e governo.
*Monica Grayley é editora-chefe da ONU News em Português.
Fonte: ONU