Moçambique volta a estar na rota das grandes instituições financeiras multilaterais. Uma missão do Banco Mundial, através da sua Corporação Financeira Internacional (IFC), deverá visitar o país em Setembro para discutir e acelerar projectos estruturantes com foco nos sectores da energia, agricultura e turismo. A iniciativa surge na sequência da audiência concedida pelo Presidente da República, Daniel Chapo, a Makhtar Diop, vice-presidente da IFC, à margem da conferência de Yokohama, Japão.
O encontro entre Daniel Chapo e Makhtar Diop confirmou o interesse renovado do Grupo Banco Mundial em reforçar a sua presença em Moçambique, não apenas no plano institucional mas também no apoio directo ao investimento privado. A IFC, braço de financiamento do sector privado do Banco Mundial, tem como mandato a mobilização de capitais, criação de empregos e fortalecimento de empresas locais, factores que ganham especial relevância num país onde a taxa de desemprego e a necessidade de diversificação económica continuam a ser desafios centrais.
“Todos os sectores abordados — energia, agricultura e turismo — são fundamentais para a criação de empregos. Este é um desafio não só para Moçambique, mas para toda a África”, destacou Makhtar Diop, confirmando que a missão em Setembro terá como objectivo materializar iniciativas discutidas com o Chefe de Estado e membros do Governo.
A importância da cooperação foi reforçada pelo próprio Banco Mundial em estudos recentes. O Africa Energy Outlook 2024, Mozambique Special Report estima que Moçambique poderá responder por 20% da produção energética de África até 2040, posicionando-se entre os dez maiores fornecedores mundiais. Esse potencial decorre da combinação de recursos hidroeléctricos, gás natural, energia solar e eólica.
Durante a sua visita a Moçambique, em Julho, o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, reiterou que o país pode tornar-se um centro regional de distribuição de energia para a África Austral, funcionando como catalisador da industrialização e de cadeias de valor mais robustas.
Entre os projectos estruturantes em avaliação, destaca-se o Projecto Central Norte de Cahora Bassa, que prevê a construção de uma nova hidroeléctrica na margem esquerda da barragem existente. Tanto a IFC como o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) demonstraram disponibilidade para avaliar o financiamento e as condições da dívida associada, enquanto a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) poderá intervir na cobertura de riscos políticos.
A aposta do Governo de Daniel Chapo em consolidar parcerias estratégicas com instituições multilaterais representa um esforço deliberado para transformar o potencial energético do país em motor de desenvolvimento socioeconómico. Ao mesmo tempo, sinaliza a intenção de posicionar Moçambique como referência energética e económica no continente, reforçando o seu papel na integração regional e no mercado internacional de energia.
Fonte: O Económico