Vamos ser claros: o Benfica não deu uma sapatada na crise. Não vão por aí, que dizer uma coisa dessas é curta. Na realidade o Benfica bateu na crise, sim, mas com um murro tão forte que a deixou no chão.
Foi, portanto, uma equipa cheia de força e sem sinais do cansaço psicológico dos últimos dias. Uma equipa trabalhadora, esforçada e, sobretudo, solidária.
Ora este adjetivo é aqui muito importante. Porque o Benfica foi, de facto, um conjunto no sentido mais socialista do termo: altruísta, produtivo e caridoso. No fundo os jogadores uniram-se e trabalharam juntos por um bem superior. Neste caso a vitória.
É certo que a Juventus ajudou.
Esta Juventus é uma caricatura da grande equipa de outros tempos e percebe-se bem, ao vê-la jogar, porque é que Thiago Motta está na corda bomba. A formação italiana tem os jogadores claramente em défice de forma, comete muitos erros no passado e farta-se de falhar passes.
Foi muito através desses passes falhadas que o Benfica foi crescendo no jogo.
Por exemplo, logo no segundo minuto, Kalulu fez uma má entrega, que soltou Schjelderup para uma grande oportunidade. Pouco depois, aos 17 minutos, Gatti entregou mal na frente, Aursnes recuperou a bola, lançou Bah e o dinamarquês serviu Pavlidis para o primeiro golo.
Um golo que teve muito de Bah, sem dúvida. O lateral jogou esta noite na esquerda e fez um excelente jogo. Encontrou pela frente Francisco Conceição, que durante muito tempo foi o maior perigo da Juventus, travou uma luta dura, mas que ganhou com o tempo. Ao ponto de o português, pouco a pouco, ter desaparecido do jogo.
Para além disso, subiu no apoio ao ataque muito mais do que Tomás Araújo, do lado oposto, formando com Schjelderup o flanco mais perigoso dos encarnados.
Antes do intervalo, de resto, mais um mau passe de Gatti permitiu a Pavlidis quase marcar novamente. O que mostra como a Juventus foi quase inexistente na primeira parte.
No segundo tempo mudou um pouco, é certo, aumentou a pressão, subiu as linhas, tornou-se mais preocupante (dizer que se tornou mais perigosa seria exagerado). Exatamente por isso Bruno Lage tirou Di Maria e Schjederup para colocar Akturkoglu e Barreiro, reforçando o meio campo, o que também ajudou a evitar males maiores.
O Benfica fez, aliás, um jogo muito competente defensivamente. António Silva foi enorme na marcação a Vlahovic, Tomás Araújo esteve sempre concentrado e Otamendi foi um líder.
Por isso mesmo a Juventus só esteve perto do golo duas vezes. Primeiro num remate ao lado de Mbangula e, sobretudo, depois disso, num remate de Yildiz às malhas laterais.
Esta noite, portanto, era do Benfica e Kokçu só o confirmou. Num excelente movimento coletivo. Leandro Barreiro tocou para Pavlidis, que tinha recuado para abrir uma linha de passe e serviu Akturkoglu, o turco deixou a bola passar com uma simulação e Kokçu rematou rasteiro para o fundo da baliza.
Jogava-se o minuto 81 e a festa foi enorme, claro.
O Benfica voltou a ser feliz num Juventus Stadium que traz um misto de sensações estranho. Afinal de contas foi aqui que em 2014 o Benfica se apurou para a final da Liga Europa e foi também aqui perdeu essa mesma final com o Sevilha.
Esta noite, tal como há três anos, venceu a Juventus, garantiu tranquilamente o apuramento para o play-off da Liga dos Campeões e prepara-se para defrontar um adversário francês: Brest ou Mónaco.
Mas isso é mais lá para a frente. Para já, parece ter dado pelo menos deu uma sapatada na crise. Perdão, um murro.
Fonte: Mais Futebol