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O dólar norte-americano reforçou os seus ganhos esta terça-feira, com destaque para a valorização de 1% face ao iene, numa reacção conjunta ao recuo dos rendimentos das obrigações japonesas e ao aumento inesperado da confiança dos consumidores nos Estados Unidos. A decisão de Donald Trump de suspender tarifas adicionais à UE também contribuiu para o alívio nos mercados cambiais.
Num cenário de incerteza geopolítica e expectativas voláteis, o dólar norte-americano voltou a ganhar terreno, apoiado por factores internos e externos. A moeda norte-americana beneficiou da queda abrupta nos rendimentos das obrigações de longo prazo do Japão — um movimento impulsionado pelo anúncio de que o Ministério das Finanças nipónico está a considerar reduzir a emissão de títulos superlongos devido à fraca procura por parte de seguradoras e outros investidores institucionais.
Segundo Eric Theoret, estratega cambial do Scotiabank, “os mercados estão a reagir intensamente aos desenvolvimentos nos mercados obrigacionistas, em particular aos sinais vindos do Japão”.
O movimento coincidiu com uma melhoria considerável nos indicadores de confiança dos consumidores nos EUA para o mês de Maio, superando as previsões dos economistas. Estes dados alimentaram o optimismo em relação à resiliência da economia norte-americana, embora subsistam riscos inflacionários relacionados com as tarifas comerciais.
O euro, por sua vez, perdeu 0,46% em relação ao dólar, sendo pressionado pela desaceleração da inflação francesa para mínimos de mais de três anos. As expectativas quanto a um possível corte nas taxas pelo BCE ganham força, enquanto nos EUA o Presidente da Reserva Federal de Minneapolis, Neel Kashkari, defende a manutenção das taxas até que se compreenda melhor o impacto dos novos choques de preços provocados pelas tarifas.
No plano político, Donald Trump recuou numa ameaça de impor tarifas de 50% sobre importações provenientes da União Europeia — uma decisão que reacendeu o apetite por risco entre os investidores. Em resposta, Bruxelas tem solicitado aos líderes empresariais europeus que forneçam planos detalhados de investimento nos EUA, preparando-se para negociações comerciais futuras.
Apesar da recuperação recente do dólar, analistas como Theoret sublinham que “o ambiente continua a ser de fraqueza cambial estrutural para o dólar no médio e longo prazo”, alimentado por uma postura cada vez mais proteccionista dos EUA e por desequilíbrios orçamentais internos. De facto, o debate sobre o novo pacote fiscal norte-americano, que deverá aumentar a dívida em biliões, permanece aceso, tanto entre republicanos como democratas.
Também o franco suíço recuou face ao dólar, com uma valorização de 0,77% da moeda norte-americana, enquanto o Banco Nacional Suíço admite que a inflação poderá tornar-se negativa nos próximos meses, sem necessariamente desencadear uma resposta imediata da política monetária.
Fonte: O Económico