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EUA e China Reduzem Tarifas Temporariamente e Estimam Reequilíbrio Comercial

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Os Estados Unidos e a China anunciaram um acordo histórico que prevê a redução mútua de tarifas por um período de 90 dias, numa tentativa de aliviar a guerra comercial que paralisou cerca de 600 mil milhões de dólares em trocas bilaterais. O gesto visa também restaurar a confiança nos mercados e conter os receios de estagflação.

O tão aguardado acordo entre os EUA e a China foi finalmente selado após dois dias de negociações em Genebra, marcando a primeira reunião presencial entre altos responsáveis económicos dos dois países desde o início do novo mandato de Donald Trump. O pacto prevê uma redução significativa das tarifas recíprocas que haviam atingido níveis historicamente altos, contribuindo para o colapso do comércio bilateral e a desaceleração de sectores-chave.

O Secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, classificou o entendimento como um “gesto de reequilíbrio estratégico”, reforçando que “nenhum dos dois países deseja um desacoplamento”. A redução de tarifas foi vista como equivalente ao fim de um bloqueio comercial não declarado.

Detalhes do acordo
Com efeito imediato, o pacto estipula que os EUA vão reduzir as tarifas adicionais sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China reduz os seus impostos sobre bens dos EUA de 125% para 10%. As medidas vigoram por um período inicial de 90 dias e, segundo as autoridades, serão acompanhadas de nova ronda de negociações.

Apesar de não incluir tarifas específicas por sectores, Washington assegurou que continuará a rever cadeias críticas em áreas como medicamentos, semicondutores e aço.

Reacção dos mercados e sectores impactados
A notícia teve efeito imediato nos mercados: o dólar valorizou-se, os índices acionistas subiram e empresas como a Maersk registaram ganhos superiores a 12%. No sector do luxo, as acções da LVMH e da Kering dispararam mais de 7%. Wall Street também reagiu positivamente, com os futuros a subirem após receios de recessão global.

Contexto e motivações
Desde Janeiro, Trump impôs novas tarifas como parte de uma ofensiva económica que incluiu a declaração de emergência nacional em resposta à entrada de fentanil. A China retaliou com restrições às exportações de terras raras e elevação de tarifas, levando ao colapso de volumes comerciais e perturbações nas cadeias logísticas, como no caso da Boeing, que viu bloqueadas entregas de aviões ao mercado chinês.

Jamieson Greer, Representante do Comércio dos EUA, sublinhou que “o ambiente informal das negociações – à sombra de árvores junto ao Lago Genebra – ajudou a construir confiança e abrir caminho para uma conclusão bem-sucedida”.

Perspectivas e riscos
Embora o acordo tenha superado as expectativas imediatas – analistas esperavam uma redução parcial até 50% –, ainda subsistem dúvidas quanto à sua sustentabilidade a médio prazo. O economista-chefe da Pinpoint Asset Management, Zhiwei Zhang, considerou a medida “muito positiva para o curto prazo, mas dependente da evolução das relações políticas”.

O acordo também não abrange medidas estruturais mais amplas, como regras de investimento, subsídios industriais ou direitos de propriedade intelectual, áreas habitualmente sensíveis na relação EUA-China.

Fonte: O Económico

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