G20 debate desafios globais em meio a tensões geopolíticas e ausências de figuras-chave
Os ministros das Finanças e os banqueiros centrais das principais economias do G20 reúnem-se na África do Sul de 26 a 27 de Fevereiro, num encontro marcado por disputas sobre clima, dívida e desigualdade, além da ausência de membros influentes. A reunião, que ocorre num cenário de crescentes divisões geopolíticas, levanta questões sobre a eficácia do fórum na coordenação de respostas econômicas globais.
Ausências relevantes e desafios à negociação
A dificuldade de alcançar consensos tem sido uma constante no G20, mas desta vez, as divergências parecem mais profundas. A ausência de figuras como o Ministro das Finanças do Japão, Katsunobu Kato, o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o Comissário da Economia da União Europeia, Valdis Dombrovskis, evidencia a prioridade que muitos países estão a dar às suas questões internas em detrimento da cooperação multilateral.
Especialistas alertam que, sem o comprometimento das maiores economias do mundo, o G20 pode perder relevância como fórum de decisão, tornando-se uma plataforma de debates inconclusivos sem impacto real na economia global.
Questões climáticas e financiamento para economias emergentes
A África do Sul, como País anfitrião, pretendia utilizar o encontro para pressionar os países desenvolvidos a aumentar o financiamento para a transição energética dos países em desenvolvimento. O Presidente Cyril Ramaphosa argumenta que os maiores responsáveis pelas alterações climáticas devem assumir um papel mais ativo no financiamento da mitigação e adaptação ao aquecimento global.
No entanto, há resistência por parte de algumas nações ricas, que consideram que já fazem esforços suficientes. Essa falta de consenso pode comprometer os avanços na agenda climática global e retardar investimentos cruciais em energia verde, especialmente nos países mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Dívida e desigualdade: prioridades negligenciadas?
Outro tema central da reunião é a crescente crise da dívida dos países em desenvolvimento. Analistas, como Alex van den Heever, da Universidade de Witwatersrand, afirmam que a dívida das economias emergentes não figura como prioridade para os países desenvolvidos. A falta de um plano estruturado para aliviar o endividamento pode agravar a desigualdade global e comprometer a estabilidade financeira de países com economias frágeis.
Além disso, há um crescente descontentamento com o atual sistema financeiro internacional, que, segundo muitos líderes africanos, penaliza os países pobres e perpetua a dependência econômica. Caso não sejam apresentadas soluções concretas, o G20 pode enfrentar uma crise de legitimidade entre os países em desenvolvimento.
Impacto na economia global e nas economias emergentes
As tensões no G20 refletem um mundo cada vez mais fragmentado, onde a cooperação internacional enfrenta desafios internos e externos. A ausência dos principais formuladores de políticas financeiras do Ocidente pode enfraquecer a capacidade do G20 de influenciar políticas globais, deixando espaço para iniciativas regionais e bilaterais ganharem mais relevância.
Para as economias emergentes, a falta de compromissos claros sobre financiamento climático e alívio da dívida significa um futuro de incertezas. Sem soluções concretas, essas nações poderão enfrentar dificuldades adicionais na recuperação econômica, especialmente num contexto de altas taxas de juros globais e retração nos investimentos estrangeiros.
Efectivamente, a reunião do G20 na África do Sul ocorre num momento de elevada incerteza e desafios estruturais para a economia global. A ausência de lideranças-chave e a dificuldade em alinhar compromissos sobre questões urgentes, como clima e dívida, levantam dúvidas sobre a eficácia do grupo em endereçar os problemas das economias emergentes. O futuro do G20 como fórum decisório depende da capacidade dos seus membros de superar diferenças políticas e adotar medidas concretas para uma recuperação econômica mais equitativa e sustentável.
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Fonte: O Económico