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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Destaques
Apesar de lucros consistentes, dividendos atractivos e estrutura de capital sólida, as acções da HCB permanecem subavaliadas, mesmo considerando a sua actual escalada, com o pico de , 5,62/ação, registo de Maio de 2025, no mercado bolsista nacional, denunciando desafios estruturais do mercado e oportunidades não aproveitadas pelos investidores.
Num mercado de capitais ainda marcado por iliquidez, baixa literacia financeira e fraca cultura de investimento, a HCB surge, nas palavras do economista Alfredo Mondlane, como um “oásis de rendimento real”. A acção da empresa combina rentabilidade, liquidez e potencial de valorização, num cenário em que outros activos tradicionais oferecem retornos mais limitados. No entanto, continua a ser subavaliada no mercado, reflectindo desafios estruturais do ecossistema financeiro moçambicano.
Durante a entrevista ao Semanário Económico, Alfredo Mondlane apresentou a HCB como um caso singular de robustez financeira e solidez de gestão entre as empresas públicas nacionais. A empresa, que registou lucros de 9,8 mil milhões MZN em 2020 e ultrapassou os 14 mil milhões MZN em 2024, consegue manter uma estrutura de capital praticamente isenta de dívida: mais de 90% do balanço é financiado com capitais próprios, um feito raro mesmo entre as maiores empresas privadas do país.
Segundo Mondlane, a rentabilidade anual da acção da HCB ronda os 9,3% antes de impostos, tornando-se mais atractiva do que os depósitos a prazo (com taxas entre 5% e 7%) e apenas ligeiramente inferior aos bilhetes do tesouro (que rondam os 12% a 13%). Ao combinar pagamento regular de dividendos, liquidez em bolsa e potencial de valorização (ganho de capital), a HCB posiciona-se como um activo com múltiplas vantagens para o investidor informado.
“É um activo raro, sólido, rentável e maduro. A HCB é como uma mangueira carregada de mangas maduras: está ali, pronta a ser colhida. E mesmo assim, é ignorada por muitos investidores por falta de literacia financeira”, observou Mondlane.
Subavaliação no Mercado Secundário
Apesar da performance positiva e da distribuição de dividendos entre 45% e 55% dos lucros anuais, as acções da HCB continuam cotadas abaixo do seu valor justo, estimado entre 4,2 e 4,5 meticais. [Esta agora em 5.62 meticas], o que sugere um potencial de valorização acima de 35% apenas em termos de preço de mercado.
“Quem compreende estes dados percebe que a HCB oferece um retorno combinado potencial na ordem dos 45% ao ano, entre dividendos e valorização. Poucos activos no mercado têm este perfil”, destacou o analista.
A explicação para esta discrepância está, em parte, na baixa liquidez e maturidade do mercado de capitais, assim como no défice generalizado de literacia financeira, o que limita a capacidade dos investidores de comparar activos e identificar oportunidades de investimento sólidas.
Inclusão Financeira e Modelo a Replicar
Para Mondlane, a decisão de tornar a acção da HCB acessível ao público — com valores de entrada a partir de 2,5 a 3 meticais — representa uma iniciativa de inclusão financeira rara e exemplar entre as empresas públicas moçambicanas. “A HCB criou um modelo onde qualquer cidadão pode tornar-se accionista e participar da distribuição da riqueza nacional”, referiu.
A acção da HCB assume, assim, um papel pedagógico e estruturante na democratização do acesso ao património e ao rendimento. “É um vector de inclusão, um activo desenhado à medida dos bolsos dos moçambicanos”, reforçou o economista, apelando a que outras empresas públicas adoptem estratégias semelhantes.
Os Riscos e as Recomendações
Entre os riscos apontados, Mondlane identificou as percepções de decisões não económicas. “É fundamental que a HCB mantenha a sua independência estratégica, focada na rentabilidade e na criação de valor para os accionistas, evitando decisões que possam eventualmente desvirtuar a sua governação exemplar”, alertou.
A HCB é, hoje, um dos poucos activos financeiros em Moçambique com liquidez, rentabilidade comprovada, estrutura de capital sólida e política de dividendos consistente. Ignorar a sua valorização é perder uma oportunidade evidente de crescimento financeiro e de participação na construção de um mercado de capitais mais inclusivo e robusto.
O desafio que se impõe é duplo: aumentar a literacia financeira da população e dinamizar o mercado secundário, criando um ecossistema mais vibrante, transparente e orientado à valorização real dos activos disponíveis.
Fonte: O Económico