O edifício onde funciona a Escola secundária de Chibuto há 50 anos pode ceder a qualquer momento. “Em cima, são seis salas estragadas. No meio, uma. Aqui no rés do chão, uma também. Ao todo, são oito salas totalmente degradadas e em péssimas condições”, lamentou um funcionário daquela instituição de ensino.
Incontáveis fissuras, rachas, infiltrações na cobertura, janelas destruídas, vigas e soalhos apodrecidos a dominar as paredes do primeiro, segundo e terceiro pisos da infraestrutura. São marcas que traduzem o avançado estado de degradação, associado ao abandono, a avaliar pela queda de várias partes que compõem o edifício escolar.
Por temer que o pior aconteça a qualquer momento, os funcionários da escola decidiram quebrar o silêncio. “Você fica na sala pensando que talvez as paredes vão cair na tua cabeça”, reclamou a funcionária. .
Um edifício escolar com cerca de 50 anos, literalmente, a cair aos pedaços. O problema agravou-se há 13 anos e a falta de manutenção acelerou o processo, sendo que os primeiros sinais de colapso foram registados no ano passado. Neste momento, estão em risco cerca três mil alunos, incluindo 70 professores.
“Eu, meus amigos, meus colegas, desconfiamos muito da escola, porque é como se a escola estivesse quase a desmoronar. Então, nós ficámos com medo, saímos para fora, mas voltámos de novo para ter aulas. Também, quando alguém passa pelo corredor de cima, parece que vai cair”,disse um aluno.
Os alunos contam dias de terror e incerteza e elevam a voz para criticar contra a falta de acções mais concretas em sua defesa, além de exigir respostas urgentes das autoridades do Governo, em particular da educação.
“As pedras ainda estão a cair já não dá para confiar”, alertou um aluno.
O País contactou a Direcção Provincial de Educação em Gaza que, além de confirmar a situação, revelou que está em curso uma avaliação multissectorial, que vai determinar o futuro da escola em iminente colapso, enquanto isso, há pelo menos 8 salas interditadas.
“E no ano de 2024 foi o ano em que teve o seu primeiro colapso, com a queda de algumas partes do reboco. E com este colapso que teve, oito salas de aula foram interditadas para o seu uso, como forma de proteger os alunos daquela escola. Neste momento, foram transferidos para a escola 25 de Junho”, esclareceu a porta-voz, Raquelija da Glória.
A responsável avançou ainda que “o Ministério da Educação, a Direcção Provincial da Educação, o INGD, também a Direção Provincial de Obras Públicas estiveram no local a fazer um estudo da real situação da escola, para encontrar a melhor solução neste caso, para ultrapassar este problema”
Raquelija da Glória afasta, pelo menos até a construção de novas salas, a possibilidade de uma interdição total do edifício, mas garante que a intervenção terá lugar ainda neste ano.
“Neste momento, estamos a mobilizar material para poder construir salas de aulas provisórias, que é para interditar todo o edifício vertical, porque está ainda em curso este estudo, com outras entidades, para perceber o real cenário, se é uma questão de intervenção ou mesmo de destruição daquele edifício e construção de um outro. As salas serão construídas ainda neste ano, já temos algum material que está a chegar à escola, mas é um trabalho que ainda está sendo feito”, garantiu.
No entanto, o entendimento dos alunos é outro. “Estamos preocupados com a situação, porque isto um dia é normal que caia, enquanto estamos em aulas”, alertam.
Enquanto isso, mais de 13 turmas continuam expostas ao risco face à acelerada degradação do edifício, nisto uma questão prevalece, será mesmo seguro adiar a interdição total da escola secundária de Chibuto, em Gaza.
Fonte: O País