A mineradora australiana South32 anunciou um crescimento de 75% no lucro anual subjacente, apoiado pelo desempenho robusto da sua divisão de alumina e pela valorização das matérias-primas, mas alertou para desafios futuros, incluindo a colocação da Mozal, em Moçambique, em regime de manutenção a partir de Março de 2026.
Os ganhos líquidos subjacentes da companhia ascenderam a 666 milhões de dólares no exercício fiscal terminado a 30 de Junho, acima dos 380 milhões registados no período anterior, mas abaixo da estimativa de consenso de 697,7 milhões USD. O resultado reflecte essencialmente a performance da unidade de alumina, cujas receitas operacionais cresceram 714 milhões USD, atingindo 1,08 mil milhões, impulsionadas por um aumento de 45% nos preços.
O segmento do alumínio também beneficiou da valorização do metal, num contexto de restrições de oferta e subida de custos de produção. Ainda assim, a contribuição da operação de manganês na Austrália foi penalizada pelos efeitos do ciclone tropical Megan, limitando o resultado final.
A South32 anunciou que a sua refinaria Worsley Alumina deverá atingir um crescimento de 4% na produção até 2027, com o regresso a níveis máximos de operação, graças a uma maior disponibilidade de bauxite.
No entanto, para Moçambique, a notícia mais relevante é a confirmação de que a fundição Mozal Aluminium será colocada em “care and maintenance” a partir de Março de 2026, face à incerteza sobre a possibilidade de assegurar energia eléctrica a preços competitivos, após o fim do contrato de fornecimento. No início de Agosto, a empresa já havia reconhecido um impar de 372 milhões USD relacionado com o activo.
Analistas da Jefferies advertiram ainda que o exercício de 2026 deverá ser marcado por custos operacionais mais elevados na maioria das operações do grupo.
Apesar da melhoria nos lucros, a South32 decidiu reduzir o dividendo final para 2,6 cêntimos por acção, abaixo dos 3,1 cêntimos pagos no ano anterior, e prolongou o seu programa de gestão de capital até Setembro de 2026, com 144 milhões USD ainda reservados para retorno aos accionistas.
Fonte: O Económico
