O dólar norte-americano registou oscilações consideráveis esta sexta-feira, num ambiente de incerteza crescente marcado por dois factores determinantes: a expectativa em torno dos dados da inflação nos Estados Unidos e a iminente imposição de novas tarifas comerciais por parte do Presidente Donald Trump.
O mercado cambial global entrou em modo cauteloso à espera da divulgação, ainda hoje, do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), o indicador de inflação preferido da Reserva Federal. Qualquer leitura inferior à expectativa de 0,3% poderá reforçar as pressões descendentes sobre o dólar e as taxas de juro norte-americanas, que já vinham em queda devido às preocupações com o abrandamento económico.
Em paralelo, os investidores acompanham com apreensão as declarações de Trump, que prometeu anunciar novas tarifas na próxima semana. Está já confirmada a entrada em vigor, a 3 de Abril, de tarifas de 25% sobre carros importados. O foco poderá virar-se para a Europa, o que representa um risco adicional para o euro.
“O mercado neutralizou-se em termos de posicionamento. Agora é esperar para ver”, afirmou Mahjabeen Zaman, chefe de pesquisa cambial do ANZ em Sydney.
Desde o início do ano, o euro valorizou-se mais de 4%, sustentado por sinais de possível desanuviamento no conflito na Ucrânia, pela fraqueza do dólar e pelo aumento dos rendimentos das obrigações alemãs. A moeda única negociava perto de 1,08 USD, aproximando-se do seu maior ganho trimestral em mais de um ano.
Também o iene japonês registou um desempenho positivo, com um ganho trimestral de quase 4%, cotando-se a 151,19 por dólar, apesar de dados mistos sobre a inflação de Tóquio. Entre os melhores desempenhos do G10 estiveram as moedas escandinavas: a coroa sueca valorizou quase 11% e a norueguesa, cerca de 9% no acumulado do ano.
A libra esterlina, por sua vez, manteve-se firme em 1,2940 USD, com ganhos de 3,5% desde Janeiro.
Quanto ao dólar norte-americano, enfrenta o risco de terminar a semana praticamente estável, mas a caminhar para uma perda no acumulado do trimestre, contrariando as previsões iniciais de valorização sob um regime protecionista. A resposta dos mercados às políticas comerciais de Trump tem sido ambígua, e a volatilidade poderá intensificar-se consoante o foco das próximas tarifas.
Fonte: O Económico