Os mercados financeiros abriram a semana com ganhos moderados, reflectindo um misto de optimismo técnico e prudência estratégica, enquanto os investidores acompanham atentamente o desenrolar da nova ofensiva tarifária dos Estados Unidos, anunciada para início de Abril.
Os futuros do S&P 500 subiram 0,7% na sessão asiática, enquanto os do Nasdaq 100 avançaram 0,8%. Na Europa, os futuros registaram uma valorização de 0,3% ao final da tarde na Ásia. Já os principais índices da Ásia, como o Nikkei (Japão) e o Hang Seng (Hong Kong), mantiveram-se praticamente estáveis, reflectindo a cautela dos investidores perante a incerteza internacional.
O euro estabilizou em 1,0822 dólares, após ligeira queda na semana anterior, e o dólar manteve-se firme.
A tempestade tarifária de Trump no horizonte
O foco dos mercados esta semana está nas potenciais novas tarifas recíprocas globais anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, que deverão entrar em vigor a partir de 2 de Abril. Embora os detalhes ainda não sejam claros, a expectativa é que as novas medidas sejam desenhadas para reflectir o impacto das tarifas e dos impostos sobre o valor acrescentado aplicados por parceiros comerciais dos EUA.
Apesar de alguma flexibilidade demonstrada por Trump na sexta-feira, 21 de Março — o que sustentou os ganhos pontuais do S&P 500 — os investidores permanecem reticentes quanto à real disposição do presidente norte-americano para negociar. O histórico recente de medidas abruptas contra a China, o México e o Canadá reforça essa cautela.
“Qualquer factor que aumente a probabilidade de uma recessão ou de um ambiente estagflacionário leva os mercados a entrarem em pânico”, afirmou Chris Weston, director de investigação da Pepperstone.
Indicadores económicos e resultados empresariais em destaque
A semana reserva uma série de publicações relevantes:
Entre os destaques, o fabricante australiano James Hardie registou uma queda acentuada de 14,5% nas acções, após anunciar a aquisição da americana AZEK Company por 8,8 mil milhões de dólares. Na China, a Meituan viu as suas acções recuarem 3%, após apresentar receitas em linha com as expectativas. Resultados de gigantes como BYD, Kuaishou e bancos chineses também estão no radar.
Nos EUA, investidores aguardam os resultados da Dollar Tree e da Lululemon, num ambiente de elevada sensibilidade macroeconómica.
Mercados emergentes e moedas vulneráveis
Nos mercados emergentes, a bolsa da Indonésia voltou a cair de forma acentuada, enquanto a lira turca sofreu nova pressão após a detenção do principal rival político do Presidente Erdogan, o que aumentou a aversão ao risco dos investidores estrangeiros.
Títulos, ouro e criptomoedas: os portos (in)seguros
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA a 10 anos caíram para 4,28%, uma descida de 38 pontos base face aos máximos de Fevereiro. O ouro manteve-se ligeiramente abaixo do recorde da semana passada, cotando-se em 3.021 dólares por onça, enquanto a bitcoin estabilizou nos 87.000 dólares.
“Dinheiro e activos de refúgio continuam a ser o contrapeso a qualquer mudança mais agressiva de estratégia”, observou Bob Savage, estratega macro do BNY.
A expectativa é que a diplomacia evite medidas tarifárias extremas a médio prazo, mas os analistas antecipam um Abril volátil, com os mercados reféns da incerteza económica e do efeito de arrasto das políticas comerciais dos EUA.
Fonte: O Económico