Petróleo Mantém Trajectória Ascendente com Prolongamento do Conflito Irão-Israel

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Os preços do petróleo mantiveram a trajectória ascendente nesta quarta-feira, impulsionados por preocupações crescentes sobre a possibilidade de perturbações no fornecimento global de crude, à medida que o conflito entre o Irão e Israel entra no seu sexto dia. A retórica agressiva de Washington e a movimentação militar intensificam o nervosismo nos mercados energéticos.

Os contratos futuros de Brent subiram 26 cêntimos (0,3%) para 76,71 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) avançou 35 cêntimos (0,5%), fixando-se em 75,19 dólares, de acordo com dados de negociação na Ásia.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, exigiu na terça-feira a “rendição incondicional” do Irão, numa declaração que coincide com o reforço da presença militar dos EUA na região. Segundo fontes oficiais, estão a ser destacados mais caças para apoiar operações no terreno, intensificando o risco de uma escalada regional com impacto directo nos fluxos de petróleo.

O foco das preocupações recai sobre o Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de um quinto do petróleo transportado por via marítima em todo o mundo. Embora os analistas considerem improvável uma paragem total das exportações iranianas, os receios sobre disrupções parciais ou ataques a infraestruturas críticas continuam a pressionar os mercados.

“Qualquer disrupção material na produção ou exportação iraniana poderá adicionar ainda mais pressão ascendente aos preços,” alertaram analistas da Fitch, que estimam uma capacidade excedente de 5,7 milhões de barris diários por parte dos países da OPEP+.

Segundo a mesma análise, os preços do Brent já acumularam uma subida de cerca de 10 dólares por barril nas últimas duas semanas. O prémio de risco geopolítico, segundo a Fitch, deverá manter-se entre 5 a 10 dólares, caso a situação não evolua para um confronto regional alargado.

Impacto na Política Monetária dos EUA

Os mercados acompanham com atenção o segundo dia de deliberações da Reserva Federal dos EUA, num contexto cada vez mais complexo. Embora se preveja a manutenção da taxa directora entre 4,25% e 4,50%, analistas como Tony Sycamore, da IG, consideram que a Fed poderá antecipar um corte já em Julho, contrariando a expectativa de uma acção apenas em Setembro.

“O conflito no Médio Oriente pode tornar-se um catalisador para um tom mais dovish da Fed, tal como aconteceu após o ataque de 7 de Outubro de 2023 do Hamas”, afirmou Sycamore.

Reduções nas taxas de juro tendem a impulsionar o crescimento económico e, por conseguinte, a procura por petróleo. No entanto, o aumento recente dos preços do crude introduz um novo dilema para a Fed, uma vez que representa uma fonte adicional de pressão inflacionária.

“O paradoxo da Fed reside agora entre o impulso à actividade e o combate a uma inflação reacendida pelos choques energéticos”, observam vários analistas de mercado.

Notas de Mercado

Como sinal adicional do nervosismo dos investidores, o prémio do Brent face ao benchmark do Médio Oriente, o Dubai crude, ultrapassou os 3 dólares por barril – o valor mais elevado desde Setembro de 2023, segundo dados da LSEG.

Fonte: O Económico

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