Os preços do petróleo subiram esta quarta-feira, impulsionados pelas expectativas em torno das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China e pelos sinais de desaceleração na produção petrolífera norte-americana, que têm atenuado os receios de excesso de oferta no mercado global.
Os preços do petróleo subiram esta quarta-feira, impulsionados pelas expectativas em torno das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China e pelos sinais de desaceleração na produção petrolífera norte-americana, que têm atenuado os receios de excesso de oferta no mercado global.
Os mercados internacionais do petróleo registaram ligeiras subidas esta quarta-feira, com os preços do Brent e do West Texas Intermediate (WTI) a afastarem-se dos mínimos de quatro anos atingidos nas sessões anteriores. A expectativa de reabertura das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China este fim-de-semana trouxe algum alívio aos investidores, num contexto ainda marcado pela incerteza económica global.
De acordo com a plataforma de referência da Reuters às 04h00 GMT, o Brent subiu 44 cêntimos (0,7%) para 62,59 dólares por barril, enquanto o WTI valorizou 50 cêntimos (0,9%) para 59,59 dólares. Ambos os índices de referência tinham sido recentemente penalizados pela decisão da OPEP+ de acelerar o ritmo de aumento da produção, o que intensificou os receios de sobreoferta, especialmente num cenário em que as tarifas impostas pelos EUA enfraqueceram a confiança na procura.
Analistas da ING consideram que a notícia das conversações entre Washington e Pequim “prolonga o rali de alívio nos preços do crude”, embora alertem que será necessário “progresso real na redução de tarifas para que o cenário de procura se fortaleça de forma sustentada”.
Por outro lado, os sinais de redução na actividade das petrolíferas norte-americanas também contribuíram para a recuperação do mercado. Empresas como a Diamondback Energy e a Coterra Energy anunciaram cortes no número de sondas activas, uma tendência que os analistas dizem poder reduzir a produção nos próximos meses. Daniel Hynes, estratega sénior de commodities do ANZ Bank, referiu que “os preços em queda e a redução da actividade de perfuração aumentam o risco de descida da produção petrolífera nos EUA”.
Os inventários de crude também apresentaram uma melhoria, com dados preliminares do American Petroleum Institute a apontarem para uma redução de 4,5 milhões de barris na semana encerrada a 2 de Maio. A expectativa média dos analistas consultados pela Reuters era de uma queda de apenas 800 mil barris, sinalizando uma possível contracção da oferta mais significativa do que o antecipado. Os dados oficiais do Governo dos EUA são aguardados com expectativa para o início da tarde desta quarta-feira.
Na vertente da procura, os mercados encontram sinais encorajadores na China, onde os gastos dos consumidores aumentaram durante o feriado do Dia do Trabalhador, e o regresso dos operadores ao mercado após cinco dias de pausa tem trazido renovado dinamismo às transacções.
No contexto europeu, as perspectivas também melhoraram ligeiramente. As empresas do continente deverão reportar um crescimento de 0,4% nos lucros do primeiro trimestre, uma revisão positiva face à queda de 1,7% que os analistas haviam previsto uma semana antes.
Paralelamente, os Estados Unidos e a Ucrânia assinaram um acordo estratégico que confere a Washington acesso preferencial a novos contratos de minerais na Ucrânia, assim como ao financiamento de investimentos na reconstrução do país, um desenvolvimento com potenciais implicações geopolíticas no sector energético.
Enquanto isso, a Reserva Federal deverá manter inalterada a sua taxa de juro de referência na reunião desta quarta-feira, numa tentativa de equilibrar o impacto das tarifas comerciais com os sinais de arrefecimento económico, preservando margem de manobra para eventuais ajustamentos futuros.
Num mercado ainda volátil e sensível a factores exógenos, o petróleo ganha algum fôlego, mas a sua trajectória permanece dependente do desfecho das negociações comerciais, da evolução da política monetária norte-americana e da resposta da oferta global às novas dinâmicas de procura.
Fonte: O Económico