Petróleo Regista Segunda Queda Semanal Consecutiva: Aumentos Da OPEP+ E Tarifas De Trump Elevam Incerteza No Mercado

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Os preços do petróleo encaminham-se para a segunda semana consecutiva de perdas, com os mercados pressionados pela expectativa de um novo aumento da produção por parte da OPEP+ e pela renovada incerteza causada pela manutenção judicial das tarifas comerciais impostas por Donald Trump.

Na manhã de sexta-feira, 30 de Maio, os futuros do Brent recuavam 0,33% para 63,94 dólares o barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) caía 0,36% para 60,72 dólares. A perda semanal acumulada em ambos os contractos atingia 1,3%, e o contracto do Brent para Julho expira no final do dia.

A tendência de queda reflecte, sobretudo, as expectativas em torno da reunião da OPEP+ marcada para sábado, onde se antevê a possibilidade de um novo aumento de produção. Segundo Robert Rennie, chefe de pesquisa de commodities da Westpac, “o cenário está montado para outro grande aumento”, possivelmente superior aos 411.000 barris por dia acordados nas reuniões anteriores.

O excedente global estimado em 2,2 milhões de barris por dia, segundo o JPMorgan, reforça a necessidade de um ajustamento de preços para restaurar o equilíbrio do mercado, alertando que os preços poderão cair para a casa dos 50 dólares por barril até ao fim de 2025.

Efeito Trump: Tarifas E Volatilidade

A decisão de um tribunal federal de apelações dos EUA, que restabeleceu temporariamente as tarifas generalizadas de Trump após uma decisão judicial contrária, elevou a volatilidade nos mercados petrolíferos. A notícia provocou uma queda de mais de 1% nos preços do crude na quinta-feira, 29 de Maio, com os investidores a tentarem antecipar os efeitos da medida sobre o comércio internacional e os fluxos energéticos.

O impacto das tarifas de Trump — lançadas a 2 de Abril sob o rótulo de “Dia da Libertação” — já se faz sentir nos preços do petróleo, com perdas acumuladas superiores a 10% desde o anúncio.

Procura Global Abaixo Do Esperado

Apesar de uma ligeira melhoria no consumo de petróleo nos Estados Unidos durante o fim-de-semana prolongado do Memorial Day, a expansão global da procura continua fraca. Os analistas do JPMorgan estimam que o crescimento se situe actualmente em apenas 400.000 barris por dia, cerca de 250.000 abaixo das expectativas.

A tensão comercial entre Washington e Pequim agravou-se com a decisão americana de suspender licenças de exportação para diversos produtos energéticos destinados à China, incluindo etano e butano, o que poderá reduzir ainda mais a procura do principal importador mundial de petróleo.

Com os olhos postos na reunião da OPEP+ e em novas decisões judiciais e comerciais nos EUA, o mercado petrolífero global permanece envolto em incerteza. A convergência entre aumento da oferta, instabilidade geopolítica e procura abaixo do esperado levanta sérias dúvidas sobre a capacidade dos preços se manterem acima dos actuais níveis nas próximas semanas. A médio prazo, o crude poderá entrar num novo ciclo de baixa, testando a resiliência dos produtores e dos mercados emergentes dependentes da exportação de hidrocarbonetos.

Fonte: O Económico

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