“São 71 óbitos neste ano, no primeiro semestre. Se formos a fazer uma comparação com igual período do ano anterior, tivemos um ligeiro aumento de 5%, porque na mesma altura, no ano passado, registámos perto de 60 casos”, disse o chefe do departamento de saúde pública na Direcção Provincial de Saúde, Jaime Miguel, citado pelo Notícias ao Minuto.
Segundo o responsável, a província registou, em igual período do ano passado, 6935 casos de tuberculose, e as autoridades pedem às populações para redobrarem os esforços na prevenção.
Jaime Miguel avançou que os casos de tuberculose têm mais incidência nos distritos de Nampula, Mogovolas, Eráti e Liúpo.
Uma das causas para o aumento dos casos, de acordo com Miguel, é a fraca cobertura provincial no rastreio e tratamento de casos de tuberculose nas comunidades, sobretudo com a saída da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) que apoiava organizações locais no combate a doença.
“Temos algumas comunidades que não têm cobertura dos activistas, e, tendo em conta o nosso rácio de técnico de saúde, unidade sanitária e população, existem pessoas que percorrem quilómetros para chegar a uma unidade sanitária”, explicou Jaime Miguel.
Outrossim, segundo o chefe do departamento de saúde pública naquela província, “o facto de não conseguirmos fazer o seguimento dos casos nas comunidades contribui, porque os casos que chegam nas unidades sanitárias são casos graves”.
Recentemente foram divulgados dados sobre a doença em Moçambique, que indicavam para 48 mil casos de tuberculose no primeiro semestre deste ano, com as autoridades de saúde a apontarem para a falta de financiamento como uma das causas do aumento dos casos da doença no país.
“Moçambique continua a enfrentar uma elevada carga desta doença, muitas vezes associada ao HIV, afectando gravemente, principalmente, as populações mais vulneráveis”, disse em Julho passado o Secretário Permanente do Ministério da Saúde, Ivan Manhiça.
Recorde-se que o Governo norte-americano anunciou, no passado dia 01 de Julho, o encerramento definitivo da USAID, fundada em 1961, com o objectivo de prestar apoio humanitário internacional, com financiamentos significativos na área da saúde em Moçambique.
Um dia antes do anúncio do encerramento da USAID, ou seja, a 30 de Junho, as autoridades sanitárias moçambicanas tinham recebido dois milhões de doses da vacina contra a tuberculose (BCG), suficientes para seis meses, após um período de ruptura, para administração em bebés até 23 meses.
De acordo com a Associação de Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP), uma organização não-governamental internacional, mais de 108 mil pessoas receberam tratamento contra tuberculose desde 2019 em 50 distritos das províncias de Zambézia, Sofala, Tete e em Nampula, no Norte e Centro de Moçambique.
Segundo a ADPP, entre 2019 e 2024, do total dos 108 242 casos notificados e tratados no país, 10 547 eram crianças.
Fonte: O País