Em Moçambique, onde milhares de pessoas vivem com o HIV, o debate sobre o tema continua a ser necessário. Apesar dos avanços na medicina e das campanhas de sensibilização, o vírus ainda carrega consigo um peso de estigma e discriminação que, muitas vezes, se torna tão pesado quanto a própria doença.
O HIV, vírus da imunodeficiência humana, ataca o sistema de defesa do organismo e, se não tratado, evolui para a SIDA, um estágio avançado em que o corpo fica vulnerável a diversas infecções e doenças, por isso, a realidade já não é a mesma de décadas atrás.
Hoje, os medicamentos anti-retrovirais, disponíveis gratuitamente no país, permitem que uma pessoa viva com saúde e com uma expectativa de vida semelhante à de quem não tem o vírus.
Ainda assim, viver com HIV vai muito além da gestão da saúde física, o preconceito social permanece como uma das maiores barreiras.
Histórias de pessoas que perderam empregos, foram afastadas das suas comunidades ou até mesmo rejeitadas pelas próprias famílias, continuam a ecoar. Para muitos, a maior batalha não é contra o vírus, mas contra o julgamento silencioso da sociedade.
O impacto emocional do diagnóstico pode ser devastador, por isso, o apoio psicológico é tão essencial quanto o tratamento médico.
Alguns especialistas de saúde reforçam que é possível viver plenamente com o vírus e, além do acesso gratuito ao tratamento, existem programas de prevenção que permitem que casais soro discordantes tenham filhos sem transmitir o vírus.
As autoridades de saúde destacam, contudo, que a adesão à medicação diária é o grande pilar da luta contra o HIV/SIDA. A interrupção do tratamento pode não apenas agravar o estado de saúde, mas também aumentar o risco de transmissão do vírus.
Para além dos cuidados médicos, o acesso à informação correcta é determinante. Muitas comunidades ainda associam o HIV a mitos e falsas crenças, o que alimenta o estigma e dificulta a prevenção. Por isso, especialistas defendem que escolas, igrejas e meios de comunicação assumam um papel activo na disseminação de conhecimento, quebrando o silêncio e os tabus que cercam a doença.
Entre as histórias de dor e resistência, há também narrativas de superação, pessoas que, mesmo com o diagnóstico, conseguiram construir famílias, desenvolver carreiras e provar que a vida não para com o HIV.
Com informação, tratamento e apoio social, é possível viver não só mais tempo, mas com dignidade e esperança também.