FMI Alerta para os Riscos do Proteccionismo dos EUA e Impacto da Redução da Ajuda Externa

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que ainda é cedo para avaliar o impacto das recentes medidas da administração dos Estados Unidos, que incluem cortes na ajuda externa e a imposição de tarifas sobre importações da China, México e Canadá. No entanto, a instituição mantém uma posição cautelosa sobre os efeitos negativos que tais políticas podem ter na economia global.

A porta-voz do FMI, Julie Kozack, destacou que a instituição está a acompanhar de perto os desenvolvimentos, mas que os efeitos das tarifas dependerão da reacção de outros países e dos consumidores. O FMI tem reiteradamente advertido que restrições comerciais e políticas proteccionistas podem prejudicar o crescimento económico global, aumentando a incerteza nos mercados.

EUA Podem Sair do FMI?

Questionada sobre propostas do projecto “Project 2025”, que defende a retirada dos EUA do FMI, Kozack evitou confrontos directos, sublinhando que o fundo tem uma longa história de colaboração com administrações norte-americanas e pretende continuar a trabalhar com o seu maior accionista.

“Somos uma instituição global com um mandato claramente definido para apoiar a estabilidade económica e financeira a nível mundial”, afirmou. “Continuamos totalmente focados nesse compromisso e levamos muito a sério a nossa responsabilidade para com os nossos membros.”

Impacto Global das Medidas Proteccionistas

O FMI recentemente reviu a previsão de crescimento global para 2025, aumentando-a para 3,3%, graças ao crescimento mais forte do que o esperado nos EUA. Contudo, essa melhoria foi compensada por revisões em baixa nas economias da Alemanha, França e outros países importantes.

A instituição advertiu que o crescimento global ainda está abaixo da média histórica de 3,7% entre 2000 e 2019, e que políticas unilaterais, como tarifas e subsídios, podem ter um efeito prejudicial ao comércio internacional.

O Economista-Chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, reiterou que políticas protecionistas raramente trazem benefícios duradouros para os países que as adotam e podem resultar em represálias comerciais, tornando todos os países mais vulneráveis.

Redução da Ajuda Externa Pode Prejudicar Países em Desenvolvimento

Outro ponto crítico analisado pelo FMI é a decisão da administração norte-americana de congelar a maior parte da ajuda externa dos EUA. Essa medida poderá afectar gravemente países em desenvolvimento e nações em conflito, como Sudão e Ucrânia, que dependem desse suporte financeiro para programas humanitários e de reconstrução.

A decisão também gerou repercussões políticas, com o empresário Elon Musk a lançar críticas à Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), acusando-a, sem provas, de ser uma organização “criminosa”.

O Futuro das Relações entre FMI e EUA

O FMI recomenda aos EUA que adotem políticas de redução do défice e desregulamentação, medidas alinhadas com a visão da administração Trump. No entanto, a sua posição contrária ao protecionismo pode gerar tensões com o governo norte-americano, que pretende reduzir a dependência de impostos internos e compensar a receita com tarifas sobre importações.

O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que gere a participação do País no FMI e no Banco Mundial, reforçou essas ideias numa entrevista recente, defendendo uma maior independência económica para os EUA. Não está claro, no entanto, se Bessent já se reuniu com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, desde a sua tomada de posse.

Com as tensões comerciais a aumentar e as políticas de ajuda externa em revisão, o FMI mantém uma postura vigilante sobre o impacto que estas medidas poderão ter na economia global. A incerteza gerada pelos movimentos dos EUA poderá ser um desafio significativo para os mercados internacionais nos próximos meses.

Fonte: O Económico

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