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Economia Mundial Crescerá 2,8% em 2025: ONU Aponta Estabilidade Frágil e Desafios na Era Digital

Resumo

Segundo o relatório das Nações Unidas "World Economic Situation and Prospects 2025", a economia mundial deverá crescer 2,8% em 2025, mantendo um ritmo moderado. Apesar da resistência da atividade económica global a conflitos e outros desafios, a ONU alerta para uma estabilidade frágil, com investimento enfraquecido e disparidades regionais. Estados Unidos e China continuam a ser os principais impulsionadores do crescimento global, enquanto a União Europeia, Japão e Reino Unido apresentam recuperações modestas. O investimento global cresce abaixo dos 2% anuais, com desafios como endividamento elevado e incerteza geopolítica. A digitalização é destacada como motor de transformação económica, mas também como fonte de desigualdade.

A economia mundial deverá crescer 2,8% em 2025, mantendo o ritmo moderado do ano anterior, segundo o relatório das Nações Unidas “World Economic Situation and Prospects 2025”.
Apesar de a actividade económica global ter resistido ao impacto de conflitos, inflação e juros elevados, a ONU adverte que o cenário é de estabilidade frágil, com investimento enfraquecido, produtividade em declínio e grandes disparidades regionais.

“Estamos num período de crescimento estável, mas abaixo do potencial”, afirmou Shantanu Mukherjee, Director do Departamento de Análise Económica e Política da ONU.
“O motor da economia global ainda funciona, mas com potência reduzida.”

Estados Unidos e Ásia Sustentam o Crescimento Global

O relatório aponta que os Estados Unidos e a China continuam a ser os principais pilares da economia mundial, embora com ritmos de expansão mais lentos.
A economia norte-americana, impulsionada por forte consumo interno e despesa pública, deverá crescer 1,9% em 2025, após um desempenho acima das expectativas em 2024.
Na China, o crescimento abrandará de 4,9% para 4,8%, afectado pela fragilidade do sector imobiliário e pela redução do consumo privado, factores que estão a forçar novas políticas de estímulo.

Na Índia e na Indonésia, o crescimento deverá manter-se robusto — 6,2% e 5,1%, respectivamente — sustentado pela expansão industrial, digital e de infra-estruturas.
A União Europeia, o Japão e o Reino Unido apresentarão recuperações modestas, com crescimento inferior a 1,5%, reflectindo o impacto prolongado da inflação e do ajustamento monetário.

Investimento Fraco e Desigualdade Estrutural

O documento destaca que o investimento global continua a crescer abaixo dos 2% anuais, o nível mais baixo das últimas duas décadas.
Os factores incluem endividamento elevado, taxas de juro reais ainda restritivas e incerteza geopolítica.
A ONU alerta que esta combinação poderá travar o progresso em sectores estratégicos, como infra-estruturas, energias limpas e digitalização, e prolongar o “ciclo de baixo crescimento” iniciado após a pandemia.

O défice global de financiamento para o desenvolvimento sustentável mantém-se elevado, estimado em 4,2 biliões de dólares por ano, enquanto apenas 15% dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) permanecem no caminho certo para serem cumpridos até 2030.

Digitalização: Motor Emergente e Risco de Exclusão

O Monthly Briefing on the World Economic Situation and Prospects – Outubro 2025 sublinha que a digitalização é um dos principais motores de transformação económica global, mas também uma nova fonte de risco de desigualdade.
Os investimentos em tecnologias de informação e comunicação (TIC) aumentaram fortemente desde 2020, representando mais de 12% da formação bruta de capital fixo nas economias desenvolvidas.
Nos países em desenvolvimento, o crescimento é igualmente expressivo, com destaque para o Brasil, onde o investimento em TIC atingiu 2,7% do PIB em 2024.

O sector das TIC já representa 5,5 biliões de dólares da economia global e deverá crescer 5,2% ao ano até 2031, liderado por mercados da Ásia e Pacífico.
A digitalização está a impulsionar o emprego em serviços tecnológicos e inteligência artificial (IA), mas também a acentuar desequilíbrios de género e qualificação.

Desigualdade Digital e Emprego Feminino

A ONU alerta que a transformação digital, sem políticas inclusivas, pode ampliar desigualdades de género no emprego.
O relatório indica que as mulheres representam apenas 23% dos especialistas em TIC nas economias da OCDE e menos de um terço dos graduados em áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

Nos países em desenvolvimento, 94% das mulheres nos PMA e 91% na África Subsariana continuam empregadas no sector informal, com acesso limitado a tecnologias digitais e crédito formal.
A lacuna digital de género traduz-se em 15% menos acesso feminino à internet móvel, atingindo mais de 35% na África Subsariana e no Sul da Ásia.

“Fechar a lacuna digital de género é não apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade económica.
Poderia aumentar o PIB global em 1,5 biliões de dólares e retirar 30 milhões de mulheres e raparigas da pobreza até 2030”, conclui o relatório.

Oportunidades e Riscos da Inteligência Artificial

A rápida difusão da inteligência artificial generativa (GenAI) está a criar oportunidades e desafios inéditos.
Cerca de 28% dos empregos ocupados por mulheres e 21% dos ocupados por homens estão potencialmente expostos à automação total ou parcial.
Nos países de rendimento alto e médio-superior, as mulheres correm maior risco de substituição devido à sua concentração em funções administrativas e de apoio.
Sem políticas de requalificação e protecção laboral, a ONU alerta que a IA poderá acentuar desigualdades salariais e de oportunidades.

ONU Defende Transformação Digital com Inclusão e Equidade

A ONU defende que a prosperidade digital deve ser inclusiva e orientada para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O relatório enfatiza que a expansão do acesso à internet de baixo custo e às infra-estruturas de comunicação é condição essencial para reduzir desigualdades e garantir que a transição tecnológica beneficie todas as regiões.

Sublinha ainda a necessidade de programas de capacitação digital dirigidos a mulheres e jovens, de modo a integrar grupos tradicionalmente excluídos nas novas cadeias de valor da economia digital.

A organização apela à implementação de políticas de inclusão laboral e protecção social adequadas à era do trabalho digital e das plataformas tecnológicas, bem como à promoção de investimento sustentável e tecnológico, sobretudo em energias limpas.

Outro ponto de destaque é a urgência de assegurar maior diversidade nos sectores tecnológicos, de forma a reduzir os vieses de género e os efeitos discriminatórios dos algoritmos que estão a influenciar o futuro do emprego e da produtividade global.

Um Mundo Que Cresce, Mas Fica Atrás do Seu Potencial

O cenário traçado pela ONU é o de um mundo que resiste, mas avança abaixo das suas capacidades. O crescimento mantém-se moderado e desigual, com transformações estruturais profundas a decorrer num ambiente de instabilidade geopolítica, inovação acelerada e riscos persistentes.

A transição digital surge como um novo eixo de poder económico, mas também como fronteira de desigualdade, exigindo políticas de inclusão, investimento produtivo e compromisso com a sustentabilidade.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A economia global entra em 2025 com estabilidade aparente e vulnerabilidade latente, num contexto em que o verdadeiro desafio já não é apenas crescer, mas crescer com equidade e propósito.

Fonte: O Económico

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