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FMI intensifica apoio às economias africanas perante desafios de dívida e inflação

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) reforçou a sua presença e influência nas economias africanas em 2024, num contexto de crise económica global marcada por inflação elevada, endividamento público crescente e fragilidade nos mercados emergentes. Os países do continente enfrentam uma confluência de desafios económicos e sociais, desde o aumento dos custos de energia e alimentos até à depreciação acelerada das moedas locais, que têm pressionado severamente a estabilidade macroeconómica e o poder de compra das populações.

Assistência financeira recorde e pacotes de reformas

Em resposta às crises, o FMI tem intensificado os seus programas de assistência financeira, desembolsando pacotes significativos para economias em dificuldades. Países como Egito, Gana e Quénia estão entre os principais beneficiários, com programas que incluem linhas de crédito, assistência técnica e suporte às reformas estruturais. No caso de Gana, o FMI aprovou um pacote de 3 mil milhões de dólares, destinado a conter a crise cambial e restabelecer a confiança dos investidores.

Por outro lado, o Egito garantiu acesso a 5 mil milhões de dólares sob um programa de financiamento ampliado, com foco na reestruturação das suas finanças públicas e na liberalização do mercado de câmbio. O Quénia, que enfrenta uma dívida externa em rápido crescimento, recebeu apoio de 1,8 mil milhões de dólares, acompanhado de recomendações para a consolidação fiscal e o reforço da governação económica.

Moçambique: Crescimento promissor, mas com alertas fiscais

No contexto moçambicano, o FMI destacou o forte potencial de crescimento do país, estimado em 5,1% para 2025, impulsionado principalmente pelas receitas provenientes do setor de gás natural. Contudo, a instituição alertou para os riscos associados à dependência excessiva dos recursos naturais e ao aumento da dívida pública, que continua a ser uma preocupação central. Em 2024, o FMI recomendou medidas específicas para fortalecer a arrecadação fiscal, diversificar a economia e garantir maior transparência na gestão das receitas do gás.

Um ponto crítico nas recomendações do FMI para Moçambique é a necessidade de equilibrar os investimentos em infraestruturas com a sustentabilidade da dívida. A instituição tem defendido que os investimentos no setor energético devem ser acompanhados por esforços em áreas como saúde, educação e diversificação da agricultura, para assegurar benefícios de longo prazo.

Impactos da inflação e da crise alimentar

A inflação persistente continua a ser um dos maiores entraves para as economias africanas. A média de inflação na região subsaariana foi de 8,5% em 2024, com alguns países a registar valores superiores a 10%, pressionados pelos altos custos de importação de alimentos e combustíveis. As intervenções do FMI têm incluído a promoção de políticas monetárias mais restritivas, visando conter o aumento dos preços, embora essas medidas frequentemente limitem o crescimento económico no curto prazo.

Além disso, o FMI tem enfatizado a urgência de reforçar a segurança alimentar no continente, especialmente em países vulneráveis a choques climáticos. O financiamento a projetos agrícolas resilientes e programas de apoio aos pequenos produtores tem sido incluído nas agendas de assistência técnica, mas a implementação continua a ser desigual.

O Futuro do Apoio Financeiro e Político em África

O envolvimento do FMI nas economias africanas em 2024 destacou tanto a urgência de assistência externa como a complexidade dos desafios enfrentados pelo continente. À medida que 2025 se aproxima, as economias africanas estarão numa encruzilhada, equilibrando as pressões externas com a necessidade de reformas internas que garantam uma recuperação económica sustentável e inclusiva. O papel do FMI, tanto como parceiro financeiro quanto como orientador político, será determinante no cenário económico do continente.

Fonte: O Económico

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