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A reabilitação de troços críticos da Estrada Nacional n.º 1 e a introdução de um sistema de transporte rápido na Área Metropolitana de Maputo integram a nova estratégia nacional de mobilidade, com impactos directos na redução dos custos logísticos, no escoamento da produção e na melhoria do ambiente de negócios.
Na sessão plenária de 28 de Maio, o Ministro dos Transportes e Logística, João Jorge Matlombe, apresentou os esforços do Governo para enfrentar os desafios das infra-estruturas rodoviárias e da mobilidade urbana, destacando a deterioração da N1 como prioridade absoluta do quinquénio 2025–2029.
Segundo Matlombe, a N1, com 2.620 km de extensão, enfrenta uma degradação acentuada. “A reabilitação de toda a extensão requer 3,5 mil milhões de dólares, sendo que 1.053 km serão intervencionados com apoio de parceiros, numa primeira fase de 400 milhões USD já assegurados para 508 km”, declarou.
Foram já iniciados concursos para a selecção do empreiteiro responsável pelo troço Gorongosa–Caia (84 km) e estão em curso projectos conceptuais para os troços Inchope–Gorongosa (70 km), Chimuara–Nicoadala (176 km) e Metoro–Pemba (94 km). O Governo destacou ainda intervenções de emergência já realizadas em trechos críticos da N1 com recurso a fundos provenientes das taxas sobre combustíveis.
O Ministro referiu também o impacto devastador de eventos climáticos como os ciclones Idai, Kenneth, Judy e outros, com danos acumulados que ascendem a centenas de milhões de dólares, comprometendo os investimentos rodoviários e forçando a realocação de recursos para reabilitações de urgência.
Maputo: Hub Urbano e Económico em Transformação
No plano urbano, o Governo aposta na implementação do sistema BRT (Bus Rapid Transit) na Área Metropolitana de Maputo — com capacidade para transportar 140 mil passageiros por dia — como um projecto estruturante para aumentar a eficiência económica urbana, reduzir o tempo improdutivo em congestionamentos e facilitar a mobilidade da força de trabalho.
O Projecto MOVE Maputo, financiado por parceiros, inclui intervenções em vias alimentadoras (ex.: Intaka-Boquisso, Mulumbela-Khongolote), com nível de execução entre 40% e 80%, e prevê também a reabilitação de avenidas estratégicas que ligam zonas industriais, comerciais e habitacionais da capital.
Simultaneamente, decorre a integração dos sistemas rodoviário e ferroviário, com a colocação de autocarros que farão a ligação entre terminais de autocarros e estações ferroviárias, reforçando a intermodalidade e reduzindo a duplicação de infra-estruturas e custos operacionais.
Eficiência, Emprego e Sustentabilidade
A renovação da frota de transporte público — hoje com média superior a 8 anos — será crítica para aumentar a eficiência operacional, melhorar o serviço ao cidadão e dinamizar o mercado de trabalho, tanto pelo investimento directo em aquisição de autocarros como pelo efeito multiplicador na cadeia de manutenção, operação e fornecimento.
A primeira fase do programa de transporte rural, a iniciar-se no último trimestre de 2025, permitirá conectar zonas produtivas às cidades, impulsionando a comercialização agrícola e reduzindo a assimetria entre regiões. Esta componente é considerada vital para promover crescimento inclusivo e reverter o isolamento económico de diversas comunidades.
“Mais do que obras físicas, estas intervenções são catalisadores de eficiência, inclusão e crescimento económico”, afirmou Matlombe. O Governo considera que a recuperação da N1 e a modernização dos transportes públicos são pré-condições para a industrialização, a atracção de investimento e a diversificação económica.
Fonte: O Económico