Petróleo recua com esperanças de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia e expectativa de maior oferta global

0
42

Os preços do petróleo registaram uma queda na manhã desta segunda-feira, 24/03, reflectindo o sentimento de prudência dos investidores perante as negociações em curso para um possível cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia. As expectativas de um eventual alívio nas sanções e o aumento da oferta por parte da OPEP+ estão a pesar sobre os mercados.

O petróleo Brent recuou 25 cêntimos (0,4%) para 71,91 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) caiu 20 cêntimos (0,3%), fixando-se nos 68,08 dólares por barril, pelas 04h09 GMT.

A queda ocorre após ganhos registados na sexta-feira, 21 de Março, que resultaram no segundo avanço semanal consecutivo, sustentado pelas novas sanções dos EUA ao Irão e pela perspectiva de cortes adicionais na produção por parte da OPEP+.

Diplomacia e geopolítica em foco

A atenção dos mercados está centrada nas conversações entre representantes dos Estados Unidos e da Rússia, agendadas para esta segunda-feira, após encontros preliminares com diplomatas ucranianos. Estas negociações procuram um cessar-fogo no Mar Negro e uma redução significativa das hostilidades no leste europeu.

Segundo Toshitaka Tazawa, analista da Fujitomi Securities, “as expectativas de progresso nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia e um potencial alívio das sanções dos EUA ao petróleo russo pressionaram os preços para baixo”. Contudo, os investidores mantêm uma postura de prudência, atentos às futuras decisões da OPEP+.

Cortes compensatórios e aumentos programados na produção da OPEP+

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) anunciou um novo calendário de ajustamentos, prevendo que sete países membros implementem cortes compensatórios para corrigir excessos anteriores de produção. Estes cortes deverão ultrapassar os aumentos mensais previstos para Abril, num contexto de reequilíbrio do mercado.

Desde 2022, a OPEP+ tem vindo a reduzir a produção em cerca de 5,85 milhões de barris por dia — o equivalente a 5,7% da oferta global — com o objectivo de sustentar os preços. No entanto, a organização confirmou que oito dos seus membros irão proceder a um aumento mensal conjunto de 138 mil barris por dia (bpd) a partir de Abril, alegando fundamentos de mercado mais sólidos.

Sanções ao Irão e impacto na Ásia

Paralelamente, os mercados acompanham os desdobramentos das novas sanções impostas pelos EUA ao Irão, que visam refinarias e petroleiros envolvidos na exportação de crude para a Ásia. Estas medidas já provocaram uma descida nos embarques iranianos com destino à China, aumentando os custos logísticos e pressionando o fornecimento a curto prazo.

Apesar disso, operadores esperam que rotas e mecanismos alternativos sejam activados para manter algum fluxo de petróleo iraniano nos mercados asiáticos, mesmo sob condições mais onerosas.

Perspectiva do mercado: equilíbrio delicado entre risco e confiança

De acordo com Yeap Jun Rong, estratega do IG em Singapura, “as conversações sobre o cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia aumentam as perspectivas de um aumento das exportações russas numa eventual resolução, enquanto o aumento da produção da OPEP+ já em Abril aponta para novos acréscimos de oferta, que poderão ser difíceis de absorver totalmente por factores de procura”.

O mesmo especialista sublinha que o sentimento do mercado melhorou ligeiramente, à luz do abrandamento de tarifas recíprocas e do controlo sobre os riscos de oferta, mas alerta que o equilíbrio entre oferta e procura continua frágil.

Fonte: O Económico

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!