Questões-Chave:
A primeira semana de Junho de 2025 foi marcada por uma confluência de sinais contraditórios nos mercados financeiros internacionais: enquanto os cortes de juros na Europa e os resultados positivos das tecnológicas animaram os investidores, a incerteza política nos EUA e o recrudescimento das tensões comerciais com a China impuseram uma cautela generalizada. Os mercados globais registaram ganhos moderados, mas as perspectivas mantêm-se voláteis à medida que se aproxima uma nova bateria de indicadores macroeconómicos.
Estados Unidos: Ganhos em Wall Street e Pressão Política sobre o Fed
Os principais índices norte-americanos encerraram a semana em alta:
Estes ganhos foram impulsionados por dados de emprego mais robustos que o esperado e lucros consistentes de grandes empresas tecnológicas. No entanto, o presidente Donald Trump voltou a pressionar a Reserva Federal por um corte de 1 ponto percentual nas taxas de juro, reacendendo o debate sobre a independência da política monetária em ano eleitoral.
Europa: BCE Corta Juros e Reanima Confiança do Mercado
O Banco Central Europeu reduziu as taxas de juro em 25 pontos base, fixando a taxa directora em 2%, o nível mais baixo desde 2022. A decisão, motivada pela desaceleração da inflação (1,9% em Maio) e fraca dinâmica do crescimento, foi bem recebida pelos mercados.
As principais bolsas europeias registaram ganhos moderados:
A estabilização do euro, em conjunto com os estímulos monetários, gerou uma janela de confiança nos activos europeus, embora a recuperação económica permaneça modesta.
Ásia e Mercados Emergentes: Estímulos e Fragilidades
Na Ásia, os mercados fecharam em terreno positivo, embora com cautela:
Nos mercados emergentes, o Brasil destacou-se com entrada líquida de capitais e revisão em alta do PIB, embora decisões fiscais controversas — como o aumento do IOF sobre fundos no exterior — tenham reacendido receios de intervencionismo económico.
Mercado Cambial e Títulos: Tensões Geopolíticas Influenciam Fluxos
Perspectivas Para a Semana de 9 a 13 de Junho
A semana que se segue será decisiva, com divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA e possíveis indicações do Fed sobre ajustes na taxa de juro.
Outros factores a monitorar:
• Evolução da guerra comercial EUA–China;
• Cúpula do G7 e possíveis declarações geopolíticas de alto nível;
• Indicadores económicos da China, especialmente comércio externo e crédito;
• Decisões de política monetária na América Latina (Brasil, México, Colômbia).
Volatilidade Sustentada com Espaço para Oportunidades
A conjuntura actual dos mercados financeiros internacionais é marcada por ambiguidade estratégica: os bancos centrais continuam a sinalizar suporte, mas os riscos políticos, fiscais e geopolíticos exigem cautela. Para investidores institucionais e decisores económicos, a palavra de ordem continua a ser resiliência e vigilância activa.
Fonte: O Económico