Tensão Entre Irão e Israel Faz Disparar Preços do Petróleo e Abala Confiança dos Mercados

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A escalada do conflito entre o Irão e Israel voltou a agitar os mercados internacionais, levando a uma subida expressiva do preço do petróleo, impulsionada pelo receio de perturbações no abastecimento global. Declarações imprevisíveis do Presidente norte-americano, Donald Trump, aumentaram ainda mais a tensão, contribuindo para um ambiente de elevada volatilidade nos mercados de energia e nos índices financeiros.

Brent e WTI Sobem com Receios de Escalada Regional

O petróleo Brent registou um aumento de 0,5%, atingindo 73,57 USD por barril, enquanto o WTI avançou para 72,06 USD, com ganhos superiores a 2% durante a sessão asiática de terça-feira. A tendência ascendente sucede a um recuo observado na segunda-feira, quando os mercados ainda apostavam numa possível contenção do conflito.

No entanto, a retórica mais agressiva de Trump — que apelou publicamente à evacuação da capital iraniana, Teerão — inverteu o sentimento, trazendo novamente o risco de choque de oferta no Médio Oriente, responsável por cerca de um quinto da produção petrolífera mundial.

Volatilidade e Geopolítica Pesam nos Mercados

A instabilidade entre Teerão e Telavive, agora no quinto dia consecutivo de hostilidades, provocou uma reacção generalizada: os mercados accionistas oscilaram entre ganhos e perdas, o ouro valorizou como activo-refúgio, e os investidores passaram a incorporar nas suas decisões um prémio de risco associado ao prolongamento da crise.

“Com excepção do ouro, não há consistência nos comportamentos pós-incidentes deste tipo. Mas, desta vez, há factores adicionais, como a incerteza monetária e o potencial impacto sobre a inflação”, observou Billy Leung, estratega da Global X ETFs.

Trump Adiciona Incerteza: Entre Evacuação e Tentativas de Acordo

Numa posição ambígua, Trump sugeriu que o Irão estaria disposto a negociar, ao mesmo tempo que insistia no alerta de evacuação. O Presidente dos EUA cancelou a sua presença total na cimeira do G-7, regressando a Washington de forma antecipada.

Ao mesmo tempo, foram noticiadas possíveis tentativas da administração norte-americana de retomar conversações sobre o acordo nuclear com Teerão, o que adiciona um novo elemento de instabilidade às leituras geopolíticas.

Impacto nos Ciclos Monetários e na Inflação

Economistas do Morgan Stanley alertaram que, caso o petróleo ultrapasse os 85 USD por barril e o dólar se mantenha forte, “as expectativas de cortes nas taxas de juro poderão ser adiadas”. Esse cenário poderá afectar especialmente as economias emergentes e asiáticas, com maior exposição à volatilidade cambial e energética.

O Federal Reserve dos EUA reúne-se esta semana para deliberar sobre a política monetária. Embora se preveja uma manutenção das taxas, os analistas esperam que Jerome Powell reforce o tom de cautela, face à instabilidade externa.

Ásia e G-7 Acompanham o Risco

Os mercados asiáticos revelaram reacções mistas: Japão e Coreia do Sul registaram ganhos, enquanto Hong Kong e China foram penalizados. No seio do G-7, o Reino Unido fechou um novo pacote comercial com os EUA, enquanto o Japão saiu fragilizado da cimeira, sem conseguir avançar nas negociações com Trump — factor que pode empurrar a economia nipónica para o limiar da recessão.

O conflito entre o Irão e Israel deixou de ser apenas uma preocupação regional e passou a influenciar directamente o comportamento dos principais activos financeiros e energéticos globais. O petróleo volta a ser o termómetro da instabilidade, e a postura errática de Trump reaviva o receio de um descontrolo político que complique ainda mais os equilíbrios económicos globais.

Fonte: O Económico

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