Os preços do petróleo registaram uma subida esta quarta-feira, 26/03, na sessão asiática, após dados revelarem uma diminuição acentuada das reservas de crude nos Estados Unidos, superando largamente as expectativas iniciais. Contudo, o mercado permanece cauteloso devido à perspectiva de tréguas nas tensões entre a Rússia e a Ucrânia, factor que moderou os ganhos.
Os contratos futuros do petróleo Brent, com entrega prevista para Maio, valorizaram 0,4%, situando-se nos 73,29 dólares por barril. Já os futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI) avançaram igualmente 0,4%, alcançando 68,84 dólares por barril. Embora modestos, estes ganhos marcam a sexta sessão consecutiva de valorização dos preços, indicando um optimismo contido por parte dos investidores.
Esta subida ocorre na sequência de um relatório do Instituto Americano do Petróleo (API), que apontou uma redução de 4,6 milhões de barris nas reservas norte-americanas de crude na semana terminada a 21 de Março, um número que ultrapassa significativamente as previsões de uma queda de 2,5 milhões de barris feita pelos analistas. Tal redução sugere um aumento expressivo na procura doméstica dos EUA, reflectindo um potencial fortalecimento da economia norte-americana ou um ajuste sazonal nas actividades industriais e energéticas.
Outro elemento que suporta a dinâmica positiva do mercado petrolífero é a recente iniciativa do Presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre importações provenientes de países que continuarem a adquirir petróleo ou gás venezuelano, uma medida agendada para entrar em vigor a partir de 2 de Abril. Esta decisão tem como objectivo aumentar a pressão económica sobre o regime de Nicolás Maduro, acusado pelos EUA de comprometer a democracia e estabilidade regional. Contudo, esta medida gerou preocupações adicionais relativamente a possíveis interrupções nas cadeias de fornecimento globais, dado que a China é o principal importador de petróleo venezuelano.
Apesar destes factores bullish, a recente negociação de tréguas entre a Rússia e a Ucrânia, mediada pelos EUA, representa um forte elemento de contenção no mercado. Estes acordos, destinados a interromper ataques no mar e contra infra-estruturas energéticas, têm o potencial de reduzir significativamente o prémio de risco geopolítico associado ao conflito na Europa Oriental. Adicionalmente, a perspectiva de uma possível flexibilização das sanções contra a Rússia poderia permitir a Moscovo incrementar as suas exportações petrolíferas, aumentando a oferta global e pressionando os preços para baixo.
Assim, enquanto os factores fundamentais internos norte-americanos impulsionam os preços para cima, as perspectivas geopolíticas na Europa continuam a injectar incertezas e volatilidade no mercado petrolífero mundial, obrigando os investidores a adoptar uma postura prudente nas suas estratégias comerciais.
Fonte: O Económico