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Gás Natural Em Transição: Papel Estratégico Mantém-se, Mas Sob Pressão Da Descarbonização

Resumo

O gás natural mantém-se relevante no sistema energético global, mas está a ser redefinido pelas políticas climáticas e geopolíticas. O relatório "Gas in Transition" destaca que, apesar do impulso às energias renováveis, o gás continuará essencial como combustível de transição, garantindo estabilidade e substituindo fontes mais poluentes. Nas economias avançadas, a procura deverá estabilizar, enquanto nos mercados emergentes o gás cresce impulsionado pelo crescimento populacional e industrialização. Na Europa, o GNL é crucial para a segurança energética, com maior escrutínio ambiental. Na Ásia, o gás cresce devido à substituição do carvão, urbanização e procura industrial. África tem potencial de crescimento na produção de gás, mas enfrenta constrangimentos. Projetos em países como Moçambique e Nigéria são destacados, mas o aproveitamento depende de fatores críticos.

O gás natural permanece um pilar relevante do sistema energético global, mas o seu papel está a ser progressivamente redefinido pela aceleração das políticas climáticas, pela volatilidade geopolítica e pela necessidade de segurança energética, num contexto em que África surge simultaneamente como oportunidade estratégica e como teste à coerência da transição energética global.

Um Combustível De Transição Num Mundo Em Reconfiguração

O relatório Gas in Transition sublinha que, apesar do forte impulso às energias renováveis, o gás natural continuará a ser essencial nas próximas décadas, sobretudo como combustível de transição, garantindo estabilidade às redes eléctricas, flexibilidade ao sistema energético e substituição progressiva de fontes mais poluentes, como o carvão.

Nas economias avançadas, a trajectória aponta para uma estabilização ou ligeiro declínio da procura, enquanto nos mercados emergentes e em desenvolvimento o gás continua a ganhar espaço, impulsionado pelo crescimento populacional, industrialização e necessidade de acesso fiável à energia.

Europa E Ásia: Segurança Energética Continua No Centro

Na Europa, o relatório destaca que a reconfiguração das cadeias de fornecimento após as crises energéticas recentes reforçou o papel do GNL (gás natural liquefeito) como instrumento de diversificação e segurança energética, ainda que com maior escrutínio ambiental e regulatório.

Na Ásia, particularmente na China, Índia e Sudeste Asiático, o gás mantém uma trajectória de crescimento, suportada pela substituição do carvão, expansão urbana e procura industrial, ainda que com maior sensibilidade a preços e financiamento.

África: Potencial Elevado, Constrangimentos Reais

África é identificada como uma das regiões com maior potencial de crescimento da produção e exportação de gás natural, com projectos relevantes em países como Moçambique, Nigéria, Senegal, Mauritânia e Egipto.

Contudo, o relatório alerta que o aproveitamento deste potencial depende de factores críticos: estabilidade política, enquadramento regulatório previsível, acesso a financiamento internacional e capacidade de integrar o gás não apenas como produto de exportação, mas como alavanca de industrialização, electrificação e desenvolvimento económico local.

A tensão entre objectivos climáticos globais e necessidades energéticas africanas é apresentada como um dos dilemas centrais da transição.

Investimento Sob Pressão: Capital Mais Selectivo

Um dos pontos centrais do relatório é a crescente selectividade do capital. Investidores exigem projectos com menores emissões, ciclos de retorno mais curtos e maior alinhamento com metas de descarbonização, o que penaliza projectos de gás de longo prazo e infra-estrutura intensiva em capital.

Esta dinâmica cria um risco particular para países em desenvolvimento, que enfrentam custos de financiamento mais elevados e maior exposição a mudanças abruptas de políticas energéticas globais.

Transição Sim, Mas Com Realismo Económico

A mensagem subjacente do Gas in Transition é clara: a transição energética não elimina o gás natural no curto e médio prazo, mas redefine o seu espaço económico, financeiro e político.

Para África — e para países como Moçambique — o desafio é estratégico: transformar o gás num instrumento de desenvolvimento estrutural, evitando que a janela de oportunidade se feche prematuramente por constrangimentos externos, sem comprometer os objectivos de sustentabilidade ambiental e inclusão energética.

Fonte: O Económico

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